Senado: relatoria de projeto de Moro que criminaliza caixa 2 fica com o MDB
A presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), indicou o colega de partido Márcio Bittar (AC) como relator do projeto que pretende criminalizar a prática de caixa dois (recursos ilegais de campanha eleitoral).
A medida faz parte do pacote anticorrupção sugerido pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
A proposta chegou à CCJ por iniciativa da senadora Eliziane Gama (PPS-MA). Além da criminalização do caixa dois, a congressista protocolou dois projetos: um busca aprimorar o combate à lavagem de dinheiro e o crime organizado, o outro diz respeito à definição de competências da Justiça comum e da Justiça eleitoral.
Eles serão relatados, respectivamente, pelos senadores Marcos do Val (PPS-ES) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
As ideias de Moro tramitarão no Senado paralelamente aos trabalhos na Câmara, onde também há projetos com o mesmo teor do pacote anticrime.
Um dos pontos de maior divergência é a prisão em segunda instância, defendida com veemência pelo ministro da Justiça a contragosto de muitos parlamentares.
Na última quarta, Moro compareceu à CCJ do Senado e, durante audiência que durou quase seis horas, voltou a defender a prisão após condenação em segunda instância. O tema interessa diretamente à classe política, pois envolve personagens que hoje estão na cadeia devido a acusações de corrupção.
Os que se opõem à ideia argumentam que a reclusão só deve ocorrer após trânsito em julgado (quando esgotam-se todos os recursos).
Moro chegou a dizer no Senado que desistiria da tramitação do pacote anticrime caso o Parlamento optasse por suprimir do texto do projeto a prisão em segunda instância. Depois, recuou e explicou que apenas havia manifestado a sua posição contrária a uma eventual retirada.
Diferentemente da Câmara, onde o foco é a reforma da Previdência, o Senado deve dar celeridade à tramitação das ideias de Moro. A presidente da CCJ disse que o pacote, que também envolve a questão da segurança pública e do crime organizado, é uma das "maiores preocupações" do grupo de trabalho.
"É preciso declarar guerra à guerra em nome da paz", resumiu.
No epicentro da Lava Jato
O MDB, que ficou com a relatoria do projeto de criminalização do caixa dois, foi um dos partidos mais devassados pelas investigações da Operação Lava Jato. Na semana retrasada, o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Moreira Franco, dois dos principais caciques da sigla, foram presos devido a acusações de corrupção. Ambos foram denunciados à Justiça.
Também há o caso emblemático do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), que responde a dezenas de processos na Justiça federal fluminense e declarou abertamente que, durante sua gestão, havia institucionalizado a prática do caixa dois eleitoral. Posteriormente, ele também confessou ter recebido propina do setor privado (crime de corrupção).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.