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Para governadores, falta comunicar reforma da Previdência à população

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Campos do Jordão (SP)

05/04/2019 20h22

Os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disseram hoje em Campos do Jordão (SP) que falta comunicar melhor a população sobre a necessidade de mudar a Previdência. Ambos governam estados que estão com as contas no vermelho e defendem a reforma.

Para Caiado, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) "foi eleito com um percentual altíssimo" e pode "avançar e muito nesta área da comunicação."

Segundo o governador goiano, é preciso "demonstrar com dados bem diretos" que quem ganha entre um e dois salários mínimos paga a "conta altíssima daqueles que têm aposentadoria de 40 mínimos" e já se aposenta depois dos 60 anos.

"Qual é a estabilidade de um cidadão que não está no serviço público? Nenhuma. Então ele vai se aposentar mesmo com 62, 63 anos, porque ele não vai ter emprego durante todo o tempo. É um verdadeiro sufoco".

Para Leite, o esforço de comunicação deve ser da classe política como um todo, para deixar claro que a reforma não tem como objetivo beneficiar governos ou governantes, mas a população.

"Eu tenho que dizer para a população que essa estrada não vai sair, esse hospital não vai ser equipado, essa escola não vai ser reformada, porque o dinheiro tem que sustentar um sistema previdenciário deficitário."

O governador gaúcho também afirmou que existe uma "distorção da compreensão pública" no sentido de que basta acabar com a corrupção para haver dinheiro nos cofres públicos.

"A corrupção é um grande mal do Brasil, tem que ser enfrentada", disse. "Mas a corrupção sozinha, resolvida, não resolve o problema de capacidade fiscal. Muitas vezes as pessoas confundem, acham que, se parar de haver roubalheira, tem dinheiro para tudo. E não. Ainda temos um problema da sustentação fiscal de um sistema previdenciário, especialmente levando em conta que o perfil demográfico da população muda fortemente."

Leite e Caiado falaram sobre o assunto à imprensa durante o Fórum Empresarial Lide, na cidade do interior paulista. Mais cedo, no mesmo evento, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), cobrou do governo federal uma melhor comunicação da reforma da Previdência.

Segundo Maia, o governo precisa fazer a sociedade entender o que está dentro do projeto de reforma, como a mudança da idade mínima e a adoção de alíquotas progressivas.

"A população tem que entender que os itens dentro da reforma têm que ser aprovados", disse. "A gente precisa que a sociedade entenda e esteja a favor."

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.