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Alcolumbre: Bolsonaro receber líderes era "sinal" que Congresso precisava

5.abr.2019 - O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (esq), e o ministro da Economia, Paulo Guedes -  MARCELO CHELLO/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
5.abr.2019 - O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (esq), e o ministro da Economia, Paulo Guedes Imagem: MARCELO CHELLO/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Bernardo Barbosa

Em Campos do Jordão (SP)

05/04/2019 14h10

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse hoje que o Congresso aguardava um sinal de que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se envolveria com a articulação para a aprovação da reforma da Previdência -- o que veio com o início das conversas com lideranças partidárias ontem.

Alcolumbre falou à imprensa em Campos do Jordão (SP) durante o Fórum Empresarial Lide, depois de dividir um painel sobre a reforma com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Diante de uma plateia formada por parte importante do PIB nacional, o trio demonstrou estar afinado na defesa da reforma depois de dias de bate-boca entre Maia e Bolsonaro e das turbulentas audiências de Guedes no Congresso -- em uma delas, o ministro cogitou deixar o cargo se a Previdência não passasse. O quadro de crise levou a Bolsa a cair e o dólar a encostar nos R$ 4.

Passado o terremoto político, Alcolumbre sinalizou hoje que um passo decisivo para a reforma era o envolvimento de Bolsonaro.

"Sempre defendi a aproximação pessoal do presidente da República no diálogo com o Congresso", disse.

O que o presidente da República está fazendo é o que deveria ser feito. Esse sinal era o que o parlamento aguardava do presidente da República
Davi Alcolumbre, presidente do Senado

Segundo Alcolumbre, o pedido de apoio aos partidos feito diretamente pelo presidente é "fundamental" para construir pontes com o Congresso.

"Eu não sei o que aconteceu, ainda bem que aconteceu", afirmou o presidente do Senado. "Aconteceu num momento oportuno."

Velha ou nova política

Nas duas últimas semanas, Maia e Bolsonaro protagonizaram um tiroteio verbal em que o presidente da Câmara criticava a pouca disposição do presidente em articular com o Congresso. Bolsonaro rebateu com o discurso de que não adotaria a "velha política", no sentido de trocar cargos por apoio parlamentar.

Hoje, durante o painel com Maia e Guedes, Alcolumbre disse que não se tratava de Bolsonaro "ouvir a velha ou a nova política, se trata de ouvir a política".

Na palestra e na entrevista coletiva que concederam em seguida, Maia preferiu direcionar todas as perguntas sobre a articulação política pela reforma da Previdência para Alcolumbre, optando por falar de outros pontos do tema, como o embate com corporações do setor público.

No entanto, o presidente da Câmara não se furtou a cobrar do Executivo uma comunicação mais eficiente sobre o que está na proposta do governo para a Previdência.

Para Maia, o governo precisa fazer a sociedade entender "o que é idade mínima, aposentadoria especial, alíquota progressiva" e ficar a favor disso. Só com respaldo popular, segundo ele, o Congresso também apoiará a reforma.

A população tem que entender que os itens dentro da reforma têm que ser aprovados
Rodrigo Maia, presidente da Câmara

Prazo para aprovação da reforma

Maia não quis dar prazos para a aprovação da reforma. Segundo ele, colocar tempo e número de votos "dá errado".

No painel, Guedes foi mais otimista.

"Me recuso a acreditar que a classe política vai ficar carregando esse problema um ano."

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.