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"Não houve caixa dois", diz ministro do Turismo sobre investigação do MPF

21.set.2017 - Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) - Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
21.set.2017 - Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) Imagem: Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

24/04/2019 13h23Atualizada em 24/04/2019 13h39

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), declarou hoje que "não houve caixa dois" no caso das candidaturas laranjas do PSL em seu estado natal, Minas Gerais.

A resposta veio depois de ele ter sido questionado sobre a investigação do MPF (Ministério Público Federal), que recebeu de uma candidata da legenda santinhos e adesivos de sua campanha que não teriam sido registrados na prestação de contas da sigla. À época, Antônio era o presidente regional.

Foi a única declaração do ministro sobre o caso em entrevista concedida hoje após participar de uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Palácio do Planalto, em Brasília. Oficialmente, o tema a ser tratado não era a investigação. Após a negativa de caixa 2, o ministro encerrou a conversa com jornalistas.

Segundo comunicado oficial, o encontro serviu para discutir propostas a fim de alavancar investimentos estrangeiros no setor do turismo, como a transformação da Embratur em uma agência nacional --hoje trata-se de uma autarquia especial do Ministério do Turismo-- e a criação de áreas de interesse, regiões onde o governo buscaria simplificar procedimentos e eliminar burocracias para atrair o capital estrangeiro.

No início do mês, Bolsonaro afirmou que "ainda não é o caso" de tomar uma decisão sobre uma eventual demissão de Álvaro Antônio.

Suspeita de candidatauras laranjas

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, a candidata que decidiu colaborar com o MPF, Zuleide Oliveira, disse ter sido chamada pessoalmente pelo ministro para ser uma candidata laranja na eleição de 2018. O esquema, revelado pelo jornal, consistia no desvio de verbas públicas eleitorais a partir do lançamento de candidaturas de fachada.

Em fevereiro, o escândalo levou à demissão do então chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno (PSL). Ele era o presidente da legenda no período do pleito presidencial e foi o principal coordenador da campanha de Bolsonaro.

A queda de Bebianno foi a primeira do novo governo e marcou um período de forte turbulência para o Executivo em seus primeiros 50 dias.

Álvaro Antônio é apontado como o líder do esquema em Minas Gerais. À época deputado federal pelo PSL e líder regional da legenda, ele teria aprovado a candidatura de quatro mulheres --duas para a Assembleia Legislativa de Minas e duas para a Câmara dos Deputados. Elas tiveram poucos votos, mas receberam, no total, 279 mil reais para a campanha eleitoral.

A reportagem da Folha narra que ao menos R$ 85 mil desse montante foram para quatro empresas de assessores, parentes ou sócios de assessores de Álvaro Antônio. As quatro candidatas somaram 2.073 votos em 2018, e nenhuma foi eleita.

Em dezembro do ano passado, a Folha já tinha noticiado que outra candidata ao Legislativo estadual mineiro, Cleuzenir Souza, que recebeu R$ 60 mil do partido e obteve cerca de 2 mil votos, registrou um boletim de ocorrência contra dois assessores de Marcelo Álvaro Antônio por cobrança de devolução de metade do valor da campanha.