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MPF dá cinco dias para IBGE explicar cortes no Censo 2020

MPF pediu explicações sobre corte de receita do Censo do IBGE - Marcelo Justo/Folhapress
MPF pediu explicações sobre corte de receita do Censo do IBGE Imagem: Marcelo Justo/Folhapress

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

07/05/2019 17h39

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, vinculada ao Ministério Público Federal (MPF), deu cinco dias para que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) confirme se haverá corte de 25% no orçamento do Censo 2020 e apresente estudos técnicos e motivos para essa redução.

O prazo começa a ser contado a partir do momento em que o órgão é notificado - o que aconteceu ontem.

Segundo o MPF, uma redução na receita do Censo e, consequentemente, na sua cobertura, "interrompe a construção de séries históricas, em suas diversas análises e escalas, com inestimável prejuízo à construção de conhecimento, ao embasamento de políticas públicas e ao exercício da cidadania."

Nesta semana, a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, afirmou que o orçamento para a realização do censo de fato seria reduzida - intenção que desde o início do ano vem sendo repetida pelo governo.

"O levantamento subsidia o planejamento e a execução de políticas públicas em área como educação, saúde e habitação, além de permitir avaliar a abrangência dessas iniciativas", diz a Procuradoria.

Matéria da Folha publicada no último dia 2, citada pelo ofício do MPF, mostra que técnicos do IBGE estão insatisfeitos com as intervenções do governo federal no instituto.

Ontem, o jornal revelou que Guerra exonerou o diretor de Pesquisas do instituto, Claudio Crespo, responsável pelo Censo, e o diretor de Informática, José Santana Beviláqua. O jornal apurou que Crespo vinha se posicionando de forma contrária aos cortes.

A notícia repercutiu negativamente em instituições de classe. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE emitiu uma nota criticando a intervenção do governo de Jair Bolsonaro (PSL) no instituto.

"Essa decisão reforça a postura do governo Bolsonaro de intervir no IBGE, o que ficou evidente a partir das declarações do próprio Presidente, questionando os resultados da PNAD Contínua, relativa aos números de emprego e desemprego, e também do ministro Paulo Guedes, que chegou a propor a venda de imóveis do IBGE para a obtenção de recursos", diz a nota.