MP-RJ rebate Flávio Bolsonaro: 'jamais esteve aqui, apesar de convidado'
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) afirmou hoje em nota que "repudia com veemência" as declarações de Flávio Bolsonaro (PSL) ao jornal "O Estado de S. Paulo". O senador, que é o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), classificou as investigações contra ele no órgão de ilegais e disse que têm de ser anuladas.
O MP-RJ investiga Flávio Bolsonaro por movimentações financeiras suspeitas detectadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) - tanto envolvendo suas contas bancárias, quanto a de um ex-assessor, Fabrício Queiroz.
"O referido parlamentar não adota postura similar à de outros parlamentares, prestando esclarecimentos formais sobre os fatos que lhe tocam(...). O Senador é presença constante na imprensa, mas jamais esteve no MPRJ, apesar de convidado", diz o órgão.
Na entrevista, o senador afirmou que o Ministério Público pede a quebra de seu sigilo bancário para "requentar uma informação que conseguiram de forma ilegal". "Não tem outro caminho para a investigação a não ser ela ser arquivada - e eles sabem disso", disse Flávio Bolsonaro.
O MP diz que Flávio fez uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público afirmando que o órgão no Rio teria divulgado informações sigilosas a seu respeito, mas o processo foi "sumariamente arquivado".
As investigações, de acordo com o Ministério Público, eram sigilosas até a deflagração da Operação Furna da Onça, em novembro passado, que teve como alvo dez parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.
Após a operação, o relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que identificou movimentações financeiras atípicas de assessores de parlamentares da Alerj, incluindo Flávio Bolsonaro, foi anexado à ação penal.
"O MPRJ reafirma que sua atuação é isenta e apartidária, pautada nas normas e princípios constitucionais, nos tratados internacionais de regência, na legislação vigente, nas resoluções e recomendações do Conselho Nacional do Ministério Público e na jurisprudência dos tribunais superiores", diz a nota.
Caso Coaf
Ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz está sendo investigado por movimentações financeiras atípicas entre 2016 e 2017.
Queiroz movimentou ao menos R$ 1,2 milhão no período, conforme revelado por um relatório do Coaf.
Em janeiro, o Jornal Nacional divulgou outro relatório do Coaf apontando um pagamento de Flávio Bolsonaro no valor de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa Econômica Federal - o órgão afirmou que não conseguiu identificar quem foi o favorecido.
Em outro relatório, também divulgado pela TV Globo, o Coaf mostrou que, entre junho e julho de 2017, foram feitos 48 depósitos na conta do então deputado estadual, agora senador eleito, totalizando R$ 96 mil.
Um dia depois, o jornal O Globo mostrou que, entre 2014 e 2015, outros R$ 5,8 milhões entraram e saíram da conta de Fabrício Queiroz. Os valores repassados ao ex-assessor seriam incompatíveis com seus vencimentos, o que chamou atenção do órgão.
Em sua defesa, Flávio Bolsonaro já afirmou que as movimentações são produtos de seus negócios pessoais, como vendas de imóveis. Na entrevista concedida ontem, o filho do presidente afirmou que não sabe onde está o ex-assessor e que talvez tenha cometido um erro ao "confiar demais nele".
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