Oposição na Câmara espera mais vazamentos e tenta CPI antes de chamar Moro
Diferentemente do Senado, que ouvirá em 19 de junho Sergio Moro sobre mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato vazadas no domingo, a estratégia da oposição na Câmara é "dar um tempo" e apostar no aumento de desgaste do ministro da Justiça e Segurança Pública.
Em decisão conjunta, seis partidos de esquerda combinaram que esperarão a divulgação de novas conversas, enquanto coletam assinaturas para uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) ou CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito).
"A oposição está muito unida numa estratégia que tem que ser lenta, gradual e segura. De acordo com o que vai sendo divulgado, vamos aumentando a temperatura", declarou ao UOL o deputado José Guimarães (PT-CE).
O líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE) deu início à coleta de assinaturas: é necessário que um terço, ou 171, dos 513 deputados concordem com a abertura da CPI. Para a CPMI, é preciso também ao menos 27 das 81 assinaturas dos senadores.
Calma
Em um primeiro momento, a oposição organizou pedidos de afastamento de Moro do Ministério e de Dallagnol, da Lava Jato, além de entrar com representações junto ao Supremo Tribunal Federal e ao Ministério Público. Mas os deputados decidiram que era melhor desacelerar.
A estratégia foi definida em reunião durante a tarde de ontem. Participaram dirigentes e parlamentares do PT, PSB, PDT, PCdoB, Psol e Rede. A pauta uniu os seis partidos, que divergem em diversas pautas e não têm atuação em bloco contra o governo Jair Bolsonaro (PSL).
Nos bastidores, os líderes de oposição classificaram como uma "péssima estratégia" a convocação de Moro no Senado. Eles avaliam que é preciso deixar o ministro "se desgastar mais" com investigações e novas reportagens sobre a atuação de Moro na Lava Jato.
"O Senado caiu na armadilha do Moro, que é dar declarações agora que tem pouco material contra ele. Moro se dispôs a ir agora, porque sabe que é mais fácil se defender. Na Câmara vamos esperar, para termos mais material e deixar uma CPI mais consolidada", disse um dos líderes ao UOL.
A união dos partidos também se dá pelo consenso de que não devem misturar a pauta "Lula Livre" com as investigações sobre o possível direcionamento de Moro nas investigações da Lava Jato.
"É hora de ter cautela. É uma guerra muito sensível. Temos que ter estratégias bem definidas para uma atuação firme e efetiva", considerou Guimarães.
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