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Ao contrário de vazamentos, grampo de Lula e Dilma foi legal, diz Moro

Hanrrikson de Andrade, Leandro Prazeres e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

19/06/2019 14h04

O ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) defendeu hoje no Senado a divulgação de um telefonema entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ocorrida em 2016 no âmbito da Operação Lava Jato, e argumentou que a decisão foi tomada com base na legalidade.

Por esse motivo, argumentou o ex-juiz federal em audiência realizada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), não seria possível comparar o episódio de três anos atrás com os diálogos vazados e publicados recentemente pelo site The Intercept Brasil.

O material divulgado pelo site mostra que Moro atuou como uma espécie de supervisor da Operação Lava Jato, com conselhos e orientações aos procuradores. O ministro nega desvio ético em seu comportamento como magistrado.

"No que se refere ao episódio ao qual o senhor se referiu, é uma situação absolutamente diferente. Ali havia uma interceptação autorizada legalmente. Pode-se até discutir a decisão, mas havia uma decisão legal, publicizada e que depois foi objeto de questionamento e existia prova decorrente nos autos. Nada ali foi ocultado ou liberado a conta-gotas. Aquele material era material que se poderia verificar autenticidade a qualquer momento", justificou-se.

O termo "conta-gotas" utilizado por Moro refere-se à periodicidade das reportagens de The Intercept Brasil, que tem publicado aos poucos as informações obtidas por meio de uma fonte anônima. "Um material que está sendo disponibilizado de maneira opaca à sociedade e sem condições de verificação da autenticidade", opinou.

Moro chegou a pedir desculpas por divulgar telefonema de Dilma

Em 2016, após divulgar gravação de telefonema entre Dilma, então presidente, e Lula, investigado pela Lava Jato, Moro chegou a pedir "respeitosas escusas" ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelos efeitos causados.

A divulgação dos áudios inviabilizou a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil, supostamente para evitar que o ex-presidente fosse preso.

O ato de Moro foi questionado na época no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Moro tinha autorização para grampear o telefone de Lula, investigado, mas as gravações haviam sido solicitadas até as 12h17 - e a conversa captada e divulgada ocorreu às 13h32.

Além disso, questionou-se a divulgação de conversa envolvendo a presidente da República.

Na época, Moro se defendeu dizendo que não havia se atentado para a hora da gravação e disse que o conteúdo da conversa era relevante o suficiente para justificar a divulgação - mesmo argumento que agora refuta.