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Bolsonaro critica países europeus que terão de aprovar acordo com Mercosul

Bruno Aragaki e Vanessa Alves Baptista

Do UOL, em São Paulo

04/07/2019 20h00

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) criticou nesta noite mais uma vez países europeus dos quais o Brasil dependerá para aprovar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, amplamente comemorado pelo governo nos últimos dias.

"Dois chefes de Estado, da França e da Alemanha, a maneira como começaram a conversar conosco, logicamente não é maneira como eu esperava, e nós mostramos para eles que o Brasil mudou", afirmou Bolsonaro na transmissão semanal de vídeo que faz para redes sociais. O presidente disse também que deu um "novo tom" no diálogo com esses países.

Mais cedo, Bolsonaro já havia dito em encontro com a bancada ruralista que Angela Merkel, chanceler da Alemanha, e Emmanuel Macron, presidente da França, não têm autoridade para discutir a questão ambiental.

Desde antes da reunião do G20 --grupo das 20 principais economias do mundo--, Bolsonaro e membros do primeiro escalão do governo têm rebatido publicamente as críticas de Merkel e de Macron em relação a desmatamento, agrotóxicos e direitos indígenas no Brasil.

"O que era comum após um evento desse? O presidente voltava para o Brasil e remarcava mais 30 áreas de reserva indígena, mais 5 quilombolas, ampliava estação ecológica ou criava novas, novas Apas [Áreas de Preservação Ambiental], cada vez mais inviabilizava o Brasil", afirmou Bolsonaro.

O presidente da República também disse que a Alemanha não vai cumprir com o acordo de Paris - um dos requisitos da Europa para firmar o tratado com o Mercosul é que os países se comprometam com o acordo.

"A Alemanha não vai cumprir, porque a fonte de energia deles é fóssil, não tem como sair rapidamente de uma para outra e, quando eles falam em carro elétrico, não está economizando emissão de carbono no espaço, não, porque aquela eletricidade veio de uma termoelétrica", afirmou.

Bolsonaro também questionou um interlocutor de Emmanuel Macron na causa indígena.

"O Macron [presidente da França] quer conversar comigo ao lado do índio Raoni. Eu perguntei: quem é Raoni?", afirmou.

"É um líder como outro qualquer, merece respeito como outro qualquer, agora, eu vou conversar, fazer um acordo com o Raoni do lado? De jeito nenhum", completou.

Comemorado, mas ainda não fechado

A discordância dos países criticados por Bolsonaro em relação à política ambiental brasileira será o principal entrave para o avanço do acordo que, até agora, figura entre os principais logros do governo Bolsonaro.

Na semana passada, União Europeia e Mercosul deram um passo importante para concretizar esse projeto que se arrasta há 20 anos e dará acesso mais barato de produtos do Mercosul à Europa, e vice-versa. Mas o documento ainda precisa ser aprovado pelo parlamento europeu e de cada um dos países envolvidos.

Na Alemanha, membros do Partido Verde, que já formam uma das principais bancadas do país, ameaçam bloquear o avanço do acordo.