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Bolsonaro defende reduzir áreas de conservação e pede "Cancún" brasileira

11.jul.2019 - Presidente Jair Bolsonaro (PSL) participa de café da manhã com a bancada evangélica do Congresso, no Palácio do Planalto - Marcos Corrêa/PR
11.jul.2019 - Presidente Jair Bolsonaro (PSL) participa de café da manhã com a bancada evangélica do Congresso, no Palácio do Planalto Imagem: Marcos Corrêa/PR

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

11/07/2019 12h27Atualizada em 11/07/2019 12h47

Em café da manhã no Palácio do Planalto com parlamentares da bancada evangélica, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) defendeu hoje uma articulação com governadores dos estados para revogar a demarcação de áreas hoje voltadas à conservação ecológica.

O presidente deu como exemplo a reserva ecológica de Angra dos Reis, onde ele defende que sejam implantadas atividades turísticas, a exemplo da cidade mexicana de Cancún.

"Por exemplo, vale para todos os estados. [No] Rio de Janeiro, a gente quer fazer ali, pretende, com dinheiro de fora, transformar a baía de Angra numa Cancún. Mas o decreto que demarca a estação ecológica só pode ser derrubado por uma lei", disse o presidente.

"Conversei com [Ronaldo] Caiado [governador de Goiás] nesse sentido, com o governador do Pará também, estamos conversando com vários dos governadores, no sentido de nós nos unirmos, desmarcar (sic) muita coisa, por decreto no passado, para poder fazer com que o estado possa prosseguir", afirmou Bolsonaro à plateia de políticos evangélicos.

Transformar a região em "uma Cancún" é uma ideia conhecida de Bolsonaro. É lá que fica a Estação Ecológica Tamoios, unidade de conservação federal criada em 1990, que abrange parte do ambiente marinho e ilhas da Baía da Ilha Grande e fica localizada entre os municípios de Angra dos Reis e Paraty, no Rio de Janeiro.

Em 2012, Bolsonaro foi multado por pesca ilegal na região pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis).

"Pequenas medidas" para ganhar apoio do povo

No encontro, Bolsonaro também apontou suas propostas para mudanças nas regras de trânsito como exemplos de "pequenas medidas" que podem trazer "a população para o nosso lado".

O presidente citou sua intenção de apresentar um projeto de lei extinguindo a exigência de que o exame médico para a carteira de habilitação seja feito numa clínica certificada pelos órgãos de trânsito e passe a poder ser emitido por qualquer médico.

"Estamos propondo aos senhores [parlamentares] via projeto de lei que o médico que assina o atestado de saúde para tirar carteira pode ser o irmão de vocês, pode ser o médico do hospital central do exército, custo zero", disse o presidente.

Também foi novamente citada por Bolsonaro sua intenção de acabar com os radares móveis que fiscalizam o limite de velocidade nas rodovias federais do país.

"Estou tendo pressões enormes porque resolvi dar um ponto final nas multagens (sic) eletrônicas. O pessoal sabe para que que funciona isso, né. Infelizmente, não é para salvar vidas, a intenção é exatamente outra, infelizmente", disse.

"Então os senhores têm ideias maravilhosas que via decreto se pode resolver, projeto de lei, inclusão por ocasião do relatório que o colega faz numa MP [Medida Provisória] ou projeto de lei. Essas pequenas medidas têm um alcance enorme no Brasil e trazem a população para o nosso lado", afirmou o presidente.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.