"Fome é mentira" e outras falas em que Bolsonaro contrariou estudos e dados
Hoje, em um café da manhã com jornalistas de veículos internacionais, o presidente Jair Bolsonaro disse que "falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira". No entanto, dados da ONU desmentem a fala do líder brasileiro, que reviu a declaração pouco tempo depois e admitiu que "uma pequena parcela passa fome" no país.
No entanto, esta não é a primeira vez que Bolsonaro faz afirmações que contrariam informações levantadas por institutos de pesquisas ou por dados de órgãos oficiais e internacionais.
Veja abaixo alguns desses momentos.
Economia "maravilhosa"
Esta semana, o presidente afirmou que os dados da economia estão "maravilhosos" e disse que "há uma perspectiva de ascendência na questão da economia" com a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara.
No entanto, apesar da recente melhora na cotação do dólar e na Bolsa, outros dados não sustentam a afirmação. Um exemplo é a projeção de economistas para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019, que foi reduzida pela 20ª semana seguida e caiu de 0,82% para 0,81%
Outro exemplo é o desemprego. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no trimestre encerrado em maio, o desemprego no país foi de 12,3%, em média, considerando os trabalhos com e sem carteira assinada.
No entanto, apesar de ter aberto 32.140 postos de trabalho formais no período, o resultado foi pior para o mês desde 2016, quando foram fechadas 72.615 vagas.
Suicídio de Herzog
Em julho de 2018, quando ainda era deputado federal e pré-candidato à Presidência, Bolsonaro questionou o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975, durante a ditadura militar, foi suicídio. A declaração foi dada no programa "Mariana Godoy Entrevista", da RedeTV!.
Ele disse que "não estava lá" para confirmar que Herzog foi morto e torturado dentro da cadeia. O entrevistado ainda completou que "suicídio acontece, pessoal pratica".
Durante a ditadura, Herzog apareceu morto em uma cela do Doi-Codi - órgão de repressão do regime militar - e a versão oficial que se deu por muito tempo foi a de que ele havia cometido suicídio. No entanto, o jornalista foi preso, torturado e morto pelo regime militar,
Dias antes da declaração de Bolsonaro, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou, por unanimidade, o Brasil pelo assassinato de Vlado, como era conhecido. Logo depois, o Ministério Público Federal anunciou que iria reabrir as investigações sobre a morte do jornalista.
Fraude nas urnas
Durante toda a corrida à Presidência, Bolsonaro afirmou que as urnas eletrônicas eram fraudadas. Em um vídeo gravado em setembro do ano passado, ele dizia que a possibilidade de manipulação nas urnas era "concreta". O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determinou em outubro a retirada do conteúdo.
Em um pronunciamento feito na internet após a definição do segundo turno contra Fernando Haddad (PT), Jairr Bolsonaro disse suspeitar que só não foi eleito já no primeiro turno devido a fraudes nas urnas.
Auditorias feitas pela Justiça Federal, no entanto, já concluíram que não havia indícios de fraudes na votação. Em relatórios, o órgão afirmou que os equipamentos estavam "em perfeitas condições de uso e funcionamento" e que "não houve nenhum indício de fraude ou defeitos".
Críticas ao IBGE
Em uma de suas críticas ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o presidente afirmou, em entrevista à TV Record, que a taxa de desemprego do país medida pelo instituto "é uma coisa que não mede a realidade" e que "parecem índices feitos para enganar a população".
Bolsonaro disse que quem recebe Bolsa Família ou auxílio-reclusão é tido pelo IBGE como desempregado. Essa afirmação não é verdadeira, segundo checagem da agência Lupa.
Segundo o método usado pelo instituto, pessoas que recebem Bolsa Família ou auxílio-reclusão não são consideradas ocupadas nem desocupadas. Elas fazem parte da categoria de pessoas que não têm uma fonte de renda. Para o IBGE, o recebimento do benefício não é suficiente para que um indivíduo seja classificado como empregado, desempregado, desocupado ou desalentado.
"Encontrão de índio" com verba pública
Em sua live semanal no Facebook, o presidente disse em abril deste ano que haveria um "encontrão de índio" em Brasília no mesmo mês, com presença de 10 mil indígenas. Segundo ele, o evento usaria verba pública, ou seja, dinheiro do contribuinte.
O encontro ao qual Bolsonaro se referia era o Acampamento Terra Livre, que reuniu quatro mil indígenas e mais de 170 povos.
À época, a coordenadora-executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sonia Guajajara, rebateu a declaração. "Acampamento Terra Livre é custeado por nós", escreveu no Twitter.
A organização também pediu em sua página no Facebook doações de mantimentos e milhas de companhias aéreas para ajudar no custo das passagens de índios que moravam em locais afastados. Além disso, foi feita uma vaquinha pela internet.
Na descrição da página de arrecadação, a informação era de o evento é organizado pela APIB, com o apoio de organizações indígenas, indigenistas e socioambientais, movimentos do campo e da cidade e apoiadores da sociedade civil.
A segurança na Esplanada em brasília chegou a ser reforçada durante a realização do evento, mas não houve confrontos.
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