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Ernesto Araújo diz que mundo deve ouvir grito por liberdade de venezuelanos

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Igor Mello

Do UOL, no Rio

26/07/2019 11h18

Em seu discurso na abertura da reunião dos chanceleres dos Brics --grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul--, o ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, conclamou os demais países do grupo a adotarem medidas conjuntas contra o governo do ditador Nicolás Maduro na Venezuela. Segundo ele, o Brasil vem ouvindo um "grito pela liberdade" que vem do povo venezuelano e apregoou que o mundo também deve ouvi-lo.

No encontro, realizado na região central do Rio de Janeiro, o chanceler brasileiro destacou que o Brasil tem feito um esforço para construir na América do Sul uma região "democrática, com economias abertas e oportunidades para todos".

"E nesse processo de construção não podemos deixar de ouvir um grito que pede liberdade. Esse grito vem da Venezuela, vem do povo venezuelano. O Brasil tem escutado esse grito. E faço um apelo a todos os senhores para que também escutem. Temos de um lado na Venezuela um governo constitucionalmente constituído e, do outro lado, um regime que se sustenta exclusivamente pela força", afirmou, manifestando apoio a Juan Guaidó, autoproclamado presidente da Venezuela.

Em resposta à fala de Araújo, o chanceler russo, Sergey Lavrov fez um discurso duro contra as potências ocidentais capitaneadas pelos Estados Unidos. Segundo ele, atualmente esses países querem "artificialmente preservar sua dominância com técnicas de chantagem". Ele destacou que não pode haver "uso da força ou ameaça do uso da força".

O presidente americano, Donald Trump, tem adotado uma retórica nesse sentido contra países como Venezuela e Coreia do Norte --destacando que deixa "todas as possibilidades em aberto", em referência a intervenções militares.

O chanceler brasileiro também fez uma defesa de visões nacionalistas. Para ele, o mundo vive um "momento de relançamento da nação com grande espaço de liberdade, democracia e vida comum".

Araújo destacou a tradição da diplomacia brasileira, mas defendeu a mudança de rumos da política externa do governo Jair Bolsonaro (PSL). Desde que assumiu, o presidente vem adotando uma diretriz de alinhamento com os Estados Unidos --que defende a deposição de Maduro. O país também vem priorizando as relações com países governados por líderes de extrema direita, como Hungria, Polônia e Israel.

Segundo ele, é preciso respeitar a tradição da diplomacia brasileira, mas ela "não pode ser um quadro na parede". "É uma tradição viva que precisa corresponder ao Brasil de hoje e aos anseios do povo brasileiro de hoje", pregou.

Araújo também fez críticas veladas à ONU (Organizações das Nações Unidas) e a outros organismos multilaterais. "Acreditamos na centralidade das Nações Unidas, mas não na sua exclusividade", afirmou.