Juiz proíbe suspeito de hackear Sergio Moro de conceder entrevistas
O juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal do DF, proibiu a Editora Abril e o jornal Folha de S. Paulo de realizarem entrevistas com Walter Delgatti Neto, um dos suspeitos de ter hackeado aplicativos de mensagens de autoridades públicas, entre elas o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública).
Em decisão publicada hoje, ele também negou a revogação da prisão preventiva de Danilo Cristiano Marques e recusou a transferência de Suelen Priscila de Oliveira para a Superintendência da Polícia Federal no DF. Marques e Oliveira também são acusados de participar da invasão dos celulares de autoridades brasileiras e, assim como Delgatti e o namorado de Suelen, Gustavo Henrique Elias Santos, estão presos em Brasília.
Para embasar a decisão de proibir as entrevistas, Leite citou que eventuais conversas de jornalistas com Walter Delgatti "ocasionariam tumulto para as investigações que ainda não foram concluídas."
"(...) o princípio que resguarda a liberdade de informação deve ser mitigado em prol do interesse público (da devida apuração dos fatos) e do caráter sigiloso do inquérito, por ser imprescindível para preservar o trabalho investigativo da polícia até que seja concluído - motivação da própria prisão preventiva que visa garantir a instrução criminal", escreveu o magistrado.
O juiz federal ainda fez uma comparação com o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que o precedente aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que liberou Lula para conceder entrevistas na Superintendência da PF em Curitiba, "em nada se compara" com a situação de Delgatti.
"Como bem destacou o Parquet, naquele caso de autorização de entrevista pelo ex-presidente Lula, tratava-se de ação penal 'suficientemente instruída, sem diligências pendentes que pudessem ser afetadas por eventuais declarações do réu.'"
Transferência
Na mesma decisão, Ricardo Augusto Soares Leite determinou a permanência de Suelen de Oliveira no Presídio Feminino de Brasília (Colmeia), sob o argumento de que a Polícia Federal "não possui estrutura para manter ali presos provisórios, sendo até mesmo mais seguro para as custodiadas que permaneçam na Colmeia."
Em seu pedido, a defesa de Suelen argumentou que ela passara frio por conta de falta de cobertor no presídio. O juiz respondeu que as "situações elencadas" por Suelen estão sendo apuradas pelo Ministério Público Federal (MPF).
"(...) caso qualquer dos problemas anteriormente indicados perdurem, deve ser comunicado à Direção do Presídio para que adote providências imediatas e trazido a este Juízo", afirmou Leite.
Danilo permanecerá preso
Detido junto aos outros três suspeitos desde o dia 23 de julho, Danilo Cristiano Marques permanecerá em prisão preventiva enquanto a Polícia Federal apura sua participação nos supostos crimes. O juiz argumentou que há "indícios de sua participação direta nas fraudes bancárias e estelionatos praticados pelo bando, sendo plausível ter adquirido os 60 (sessenta) chips apreendidos em seu poder para tal prática."
Ainda segundo o magistrado, um dos IP's (Internet Protocol, espécie de identificação única de cada computador) utilizados por Walter Delgatti nos supostos crimes foi identificado em um imóvel alugado no nome de Danilo.
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