"Fui eleito para interferir mesmo se é isso que eles querem", diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) declarou hoje de manhã que foi eleito ao cargo para "interferir mesmo" em questões da política nacional, "se é isso que eles querem", em referência aos críticos de mudanças avalizadas por ele na Polícia Federal e Receita Federal. No entanto, o presidente negou que pratique tais atos.
"O Brasil tem jeito, e eu não interfiro. Alguns me criticando que tô interferindo na Polícia Federal, na Receita. Eu indiquei o Moro, e Moro, indicou o diretor-geral [da PF]. [...] Quando apareceu a [superintendência vaga] do Rio de Janeiro, fiz uma sugestão. Pegar o superintendente de Manaus. É melhor o que está em Recife? Sem problema nenhum. Teve uma explosão junto à mídia do Brasil: 'tá interferindo'. Olha, fui eleito presidente para interferir mesmo se é isso que eles querem. Se é para ser um banana, um poste dentro da Presidência, tô fora, pô", declarou.
Entre a quinta e a sexta-feira da semana passada, o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, ameaçou entregar o cargo caso prevalecesse a indicação de Bolsonaro para a Superintendência da PF no Rio. O presidente deu declarações de que preferiria para o posto no Rio o atual superintendente da PF no estado do Amazonas, Alexandre Silva Saraiva. Na ocasião, Bolsonaro chegou a dizer que "quem manda sou eu".
Na quinta, a Polícia Federal já havia emitido nota pública informando que a escolha de Valeixo para o cargo no Rio era o delegado Carlos Henrique Oliveira Sousa, atual superintendente regional em Pernambuco. Após o desencontro público de versões, e a ameaça de Valeixo de entregar o cargo, Bolsonaro recuou e manteve a escolha do diretor da PF para o Rio.
Hoje pela manhã, ao participar de congresso sobre aço em Brasília, Bolsonaro também reclamou que as mesmas críticas aconteceram quanto à Receita Federal. O número dois do órgão foi trocado após críticas a interferências do Planalto. Segundo o presidente, a Receita faz um bom trabalho, mas tem problemas. "Devemos resolver esses problemas. Como? Trocando gente", disse.
Defesa de Macri e reforma da Previdência
Ao longo do discurso, Jair Bolsonaro ainda defendeu o presidente da Argentina, Mauricio Macri, que busca a reeleição este ano no país vizinho, mas está atrás da chapa Alberto Fernández e Cristina Kirchner, de esquerda. Ele voltou a dizer que a Argentina corre o risco de viver um "caos" se a chapa Fernández/Kirchner vencer e querer os argentinos no Brasil como turistas, não refugiados.
"Na economia podemos caminhar juntos. Agora, na questão política, jamais. Se se desviar do foco de defender a democracia e a liberdade, vamos tomar uma posição política também", falou.
Embora tenha feito recorrentes defesas enfáticas a Macri, Bolsonaro disse que o apoia "discretamente". Ele ainda elogiou o presidente da Bolívia, Evo Morales, por ter dado sinalizações de querer intensificar o comércio com o Brasil nem se envolver com evento do Foro de São Paulo, ligado à esquerda.
O presidente citou algumas medidas econômicas do governo e chamou a reforma da Previdência de "proposta mãe". Ele disse acreditar na aprovação tranquila do texto no Senado e falou que estados e municípios ficaram de fora porque governadores, especialmente do Nordeste, queriam aprovar a reforma sem os votos das respectivas bancadas.
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