Moro, Carlos Bolsonaro, influencers: quem é alvo da CPMI das Fake News
Criada para apurar a produção e disseminação de notícias falsas na internet, a CPMI das Fake News terá até 23 de dezembro, seu prazo de funcionamento, uma longa lista de alvos. Entre eles estão o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e o vereador do Rio e filho do presidente da Repúlbica Carlos Bolsonaro (PSC).
Segundo parlamentares ouvidos pelo UOL, blogueiros e influenciadores digitais com posições ideológicas radicais também estão na mira da comissão, especialmente ataques e mensagens de ódio durante a eleição presidencial do ano passado.
Por sugestão da relatora, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), o presidente da comissão, senador Angelo Coronel (PSD-BA), criou três sub-relatorias concentradas em eixos temáticos.
Além das fake news nas eleições, os grupos também vão investigar a prática de cyberbullying e denúncias relacionadas a privacidade de dados.
Sergio Moro
O ministro da Justiça, Sergio Moro, deve ser convocado para prestar esclarecimentos sobre o vazamento de conversas privadas da Lava Jato e publicadas pelo site The Intercept Brasil e outros veículos de comunicação. O ex-juiz federal já esteve no Senado e na Câmara dos Deputados em outras oportunidades para dar explicações a respeito do assunto.
A apuração do caso começará pelo depoimento do representante legal do Telegram, aplicativo usado por Moro e procuradores da operação, entre eles o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, para trocar mensagens. O requerimento de convocação já foi aprovado, mas ainda não há data para audiência.
"Vai chegar o momento também de o Telegram aferir se eles têm guardado nas nuvens [o histórico de] mensagens e se elas são verdadeiras", afirmou o presidente da CPMI.
Não estou aqui para acusar o ministro Sergio Moro, o Deltan Dallagnol ou alguém. Eu só quero a verdade. Eu só quero saber se é verdade, se essas mensagens foram verdadeiras ou falsas
Angelo Coronel (PSD-BA)
Na visão do senador, se for confirmada a veracidade dos diálogos entre Moro e Deltan, "a democracia foi quebrada e Justiça, desmoralizada". "Vamos corrigir uma história que se virou a página, mas vamos revirar agora no sentido contrário para se corrigir qualquer ato que seja com desvio de função."
Cofundador do site The Intercept Brasil, o jornalista americano Glenn Greenwald também deve ser chamado mais uma vez para dar explicações ao Parlamento.
Carlos Bolsonaro
Filho do presidente Jair Bolsonaro, conhecido como "02' (o segundo mais velho entre os três que seguiram carreira na política), Carlos é conhecido por gerenciar as mídias sociais do pai, sobretudo o Twitter.
Com mensagens que costumam reverberar entre os seus seguidores, o vereador carioca já foi pivô da queda de ministros, e afirmou recentemente que não haverá mudanças rápidas no país "por vias democráticas".
"Carlos é uma das pessoas que a gente ouve dizer que tem muita inserção nas redes sociais e nada como ele também vir prestar aqui o seu depoimento", disse Angelo Coronel.
Ao UOL a relatora da CPMI, Lídice da Mata, afirmou que será apresentado requerimento de convocação para Carlos. Ainda não há prazo para isso.
Se o pedido for aprovado, Carlos não poderia se recusar a comparecer à comissão mista. "Todo agente público que tiver que ser ouvido pela comissão virá por meio de requerimento de convocação."
Na semana passada, o presidente da CPMI já havia cogitado a convocação do filho do presidente. Em entrevista à TV Câmara de Salvador, Coronel afirmou que pretendia perguntar "se ele [Carlos] usou fake news para depreciar adversários" na eleição. Disse também que, em caso de mentira, poderia dar voz de prisão ao depoente.
Influencers
Os membros da comissão devem travar um duelo de requerimentos para convocar blogueiros e influenciadores digitais alinhados aos seus respectivos posicionamentos ideológicos, segundo expectativa de parlamentares ouvidos pela reportagem.
"Vai ser uma briga política para ouvir 'tuiteiro' e blogueiro. Vai ter gente de esquerda, direita, centro. É bom preparar os ouvidos", comentou um deputado.
Coronel declarou que "todos os atores que têm influência nas redes sociais deverão ser chamados". "Torço para que sejam convocados. Já que estamos trabalhando para conter os excessos, eu acho que aqueles que estão, no dia a dia, utilizando essas plataformas digitais têm que vir dar o seu testemunho. Até a sua colaboração com a CPMI."
Já na primeira reunião da CPMI, o plenário aprovou requerimento para que seja ouvida a professora universitária e blogueira feminista Lola Aronovich, alvo de uma campanha cibernética difamatória e de perseguição física no Ceará.
Outros requerimentos aguardam apreciação, como o de convite ao youtuber Felipe Neto. O pedido foi protocolado pelo deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE) e deve ser analisado na semana que vem.
O influenciador digital passou a ser alvo de fake news e tentativas de difamação na internet após promover uma campanha contra a decisão do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), de censurar livros com temática LGBT na Bienal do Livro.
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