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Lava Jato apreende R$ 1 milhão em operação contra auditores da Receita

02.out.2019 - O auditor fiscal da Receita Marco Aurélio Canal é conduzido por policiais na chegada à sede da PF no Rio após ser preso - Wilton Junior/Estadão Conteúdo
02.out.2019 - O auditor fiscal da Receita Marco Aurélio Canal é conduzido por policiais na chegada à sede da PF no Rio após ser preso Imagem: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Igor Mello

Do UOL, no Rio

02/10/2019 18h40

Durante as buscas da Operação Armadeira --que desbaratou uma organização criminosa articulada por servidores da Receita Federal, policiais apreenderam mais de R$ 1 milhão em dinheiro vivo nos endereços dos suspeitos. Até o momento, 11 pessoas foram presas.

Segundo a PF (Polícia Federal), foi contabilizado um montante de R$ 1.097.330,00 em espécie em endereços alvos de mandados de busca e apreensão. Também foram encontrados valores em euros e dólares que, somados, chegam a mais de R$ 33 mil.

Segundo informações do MPF (Ministério Público Federal) e da PF, somente no escritório de um tio de Marco Aurélio Canal —supervisor de Programação e Fiscalização da 7ª Região Fiscal, que engloba Rio de Janeiro e Espírito Santo— foram encontrados mais de R$ 300 mil em dinheiro vivo. Canal é apontado como chefe do grupo de funcionários da Receita que praticaram extorsão contra investigados da Operação Lava Jato no Rio.

Na casa de Elizeu Marinho, contador da Fetranspor e ex-auditor fiscal, foram apreendidos outros R$ 100 mil. Já em posse de Sueli Gentil, mãe do auditor fiscal Daniel Gentil, foram encontrados outros R$ 80 mil. Ela é suspeita de auxiliar o filho e outros auditores fiscais em operações de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro, tendo sido alvo de um dos mandados de prisão expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio.

Segundo os investigadores, os fiscais e pessoas próximas a eles montaram um esquema para extorquir alvos da Operação Lava Jato no Rio. Ao todo, foram expedidos 41 mandados de busca e apreensão. A PF não conseguiu cumprir três dos 14 pedidos de prisão: dois dos alvos, entre eles José Carlos Lavouras, ex-dirigente da Fetranspor, estão no exterior. Um terceiro suspeito não foi encontrado.

A Lava Jato tentou obter a extradição de Lavouras para o Brasil, mas a Justiça de Portugal, onde ele está foragido, não autorizou. Na Operação Armadeira, o MPF pediu novamente a inclusão do nome do ex-dirigente da Fetranspor na lista de difusão vermelha da Interpol.

Outro lado

A Receita Federal informou que os servidores serão submetidos pela Corregedoria do órgão a processos disciplinares administrativos.

O advogado Fernando Martins, responsável pela defesa de Marco Aurelio Canal, declarou, por meio de nota, "que se trata de mais uma prisão ilegal praticada no âmbito da denominada operação Lava Jato, eis que de viés exclusivamente político, atribuindo a Marco Canal responsabilidades e condutas estranhas à sua atribuição funcional e pautada exclusivamente em supostas informações obtidas através de 'ouvi dizer' de delatores".

O advogado de Rildo Alves informou que pedirá a revogação da prisão e se posicionará em breve sobre a operação.

"A defesa está diligenciando no sentido de tomar conhecimento dos fatos apurados e formulando o respectivo pedido de revogação da prisão através de petição direcionada ao juízo da 7ª Vara Federal, assim como formulando pedido de habeas corpus no caso de indeferimento por parte do juiz de piso", disse o advogado Mauricio Eduardo Mayr.

A defesa de José Carlos Lavouras destacou que ele está afastado da gestão de suas empresas desde 2017. "As acusações são irreais, sem provas e baseadas em mentiras de um delator que busca reduzir o peso da lei sobre seus atos", informaram os advogados.

Por meio de nota, a Fetranspor destacou que as investigações se referem a fatos supostamente ocorridos antes da posse da nova diretoria.

"Desde setembro de 2017, a entidade é presidida por um executivo profissional, selecionado no mercado e sem qualquer ligação anterior com a área de transporte público de passageiros (...) A Federação destaca mais uma vez o seu comprometimento para colaborar com as investigações em andamento e cumprir as determinações judiciais, permanecendo à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários".

A defesa de Leônidas Pereira Quaresma não quis comentar o caso. A reportagem do UOL tenta contato com as defesas dos demais suspeitos.