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Eduardo Bolsonaro: Doria "se enterrará politicamente" atacando o presidente

Maandel Ngan - 30.ago.19/AFP
Imagem: Maandel Ngan - 30.ago.19/AFP

Do UOL, em São Paulo

04/10/2019 11h59Atualizada em 04/10/2019 14h00

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) reagiu às declarações de João Doria (PSDB) e disse que o governador de São Paulo "vai se enterrar politicamente" caso continue criticando o seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Em entrevista à Globo News exibida ontem, Doria disse que não criou o "Bolsodoria" (termo que se popularizou durante as últimas eleições) e que apoiou o então candidato no segundo turno contra uma possível volta do PT ao Poder.

Eduardo Bolsonaro saiu em defesa do pai. "Lamentável e desnecessária postura do governador de SP... No atual estágio acho que nem ele próprio conseguiria voltar atrás. Pior, o provável é que ele intensifique os ataques ao Presidente e acabe se enterrando de vez politicamente", escreveu, compartilhando também um trecho da entrevista com Doria.

"Em SP há uma lacuna, um vácuo: pessoas que não gostam de PT e nem de PSDB, porém não enxergam ainda um líder que possa preenchê-la. Alckmin foi reeleito em 2014 no 1º turno diante de uma crise de água e em 2018 perdeu para JB em seu próprio estado. Isso é prova do que falei", completou.

Durante a entrevista, Doria também fez críticas à indicação de Eduardo Bolsonaro como embaixador do Brasil em Washington (EUA).

"É um ponto crítico meu em relação ao presidente Bolsonaro. Moralmente, não me parece adequado que o filho de um presidente da República seja indicado para uma embaixada. Isso não é positivo. Você confunde o tema familiar com o diplomático. Ainda que fosse alguém que soubesse o inglês corretamente, que tivesse curso em Harvard, que tivesse vivência, competência, ainda assim, eu diria não", alfinetou.

Rasteira em Alckmin

Hoje, em entrevista à rádio Jovem Pan, Eduardo Bolsonaro voltou a tocar no assunto para falar sobre as estratégias políticas que o PSL deverá adotar a partir de 2019. Para o deputado federal por SP, passado o fortalecimento de sua sigla para as eleições de 2018, é necessário ter um filtro para deixar "alguns exemplos" de fora.

A crítica dizia respeito ao deputado Alexandre Frota, também eleito deputado federal por SP pelo PSL e que foi expulso do partido antes de se filiar ao PSDB.

"O partido teve um problema que foi o seguinte: com aquela questão toda de encontrar um partido para o Jair Bolsonaro sair candidato, acabou que, quando ele veio para o PSL, tinha um mês para montar o partido. Foi uma complicação muito grande, entrou muita gente, sem filtro. Agora, a gente está pensando na eleição, colocando alguns filtros para que não se repitam alguns exemplos - que eu não preciso citar nomes", disse Eduardo Bolsonaro, mudando o alvo e citando João Doria nominalmente.

"Doria na eleição era Bolsonaro, Bolsodoria. Agora, dois meses (depois), 'o discurso na ONU foi ruim' (...). A gente tinha a consciência - ninguém é bobinho - de que ele não é Bolsonaro Futebol Clube. Um ano atrás, ele dizia que Bolsonaro era radical. Quando o narizinho dele sentiu o cheiro de presidência, ele deu uma rasteira no (Geraldo) Alckmin. Se o Alckmin, que criou o Doria, tomou uma rasteira, não somos nós que vamos achar que ele não vai ter o mesmo tipo de conduta com o Bolsonaro", acrescentou.

No entanto, à rádio, Eduardo Bolsonaro explicou os motivos que levaram a candidatura de Jair Bolsonaro a aceitar a aproximação de Doria no segundo turno das eleições. Em especial, pelo adversário do tucano na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, Márcio França (PSB).

"Como nossa pegada é contra o socialismo, se a gente apoiasse o Márcio França, o pessoal não entenderia - e o Márcio França tem uma aproximação grande com o pessoal da Polícia Militar. Acabou sendo o Doria, mas pode ver que a gente não fez uma campanha maciça pelo Doria. O pessoal foi lá, como sempre fez aqui em São Paulo, segurou o nariz, apertou o 45 e votou no cara", disse.

"Aqui em São Paulo, segue tendo um vácuo político. Acabei de tuitar antes de vir para cá: o Alckmin foi reeleito em 2014, numa crise hídrica, no primeiro turno. E em 2018, o Alckmin não ganhou do Bolsonaro em São Paulo, que eles já dominam ó (há muito tempo). Qual é a leitura que se faz? Aqui tem uma lacuna de pessoas que querem uma pessoa de um perfil mais conservador e não tem. Elas têm que decidir entre PSDB e PT", acrescentou.