Eduardo Bolsonaro diz que tem de ser embaixador para defender o pai
Resumo da notícia
- Deputado federal Eduardo Bolsonaro defende sua ida à embaixada dos EUA
- "Não vou ficar indo lá para tomar vinho e uísque", afirmou
- Ele diz que é um cargo para defender a política de Bolsonaro
- Criticou também a imprensa por distorcer suas declarações
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) respondeu hoje às críticas feitas a sua possível indicação ao cargo de embaixador dos Estados Unidos e afirmou que sua escolha é necessária para defender o que considera ataques ao governo Jair Bolsonaro.
"Não vou ficar indo lá para tomar vinho e uísque. As pessoas têm uma ideia de que eu vou viver na vida boa, acordar na hora em que eu quiser, comer caviar todo dia, quando lá também é muito trabalho. Faço uma pergunta a vocês: quem é que defende Jair Bolsonaro fora do Brasil? Quando a gente olha para fora, quem está falando do Brasil? É o Wagner Moura, o Jean Wyllys, está falando que foi golpe... O gringo está olhando o (documentário) Democracia em vertigem e tira aquilo como verdade para ele", explicou o parlamentar em entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan.
Segundo ele, o embaixador tem uma importância fundamental para o presidente e, segundo ele, são poucas pessoas que defendem o governo. "Salvo raras exceções, como o embaixador na França, o (Luís Fernando) Serra, pessoas que levantam a bandeira do governo. As pessoas em 2018 deram o recado, que queriam mudança: o embaixador é a longa manus do presidente", afirmou.
Ele voltou a rebater as críticas que a indicação seria nepotismo e voltou a responsabilizar a imprensa pela repercussão que teve sua declaração, quando indicou que uma de suas qualificações para ocupar o cargo seria saber fritar hambúrguer.
"A pessoa pergunta para você assim: qual é a sua qualificação para ser embaixador? 'Ah, eu posso ser embaixador porque eu já fritei hambúrguer.' Quem acredita nessa merda dessa resposta? A imprensa esculhamba, corta o que quer, dá publicidade a aquilo, e algumas pessoas acham que aquilo é uma expressão da verdade", avaliou.
Imprensa x redes sociais
Apesar das críticas, Eduardo Bolsonaro afirmou defender a liberdade de imprensa e ser contra a censura, "independente de ser fake news ou não". Para ele, influenciadores digitais de direita têm conseguido chegar ao público sem o filtro jornalístico.
"A imprensa tem que ter liberdade, independente de falar fake news ou não. Óbvio, a gente vai expressar nossa contrariedade. Mas não cabe colocar alguém para controlar a imprensa, porque isso ai já vai ser censura. Pode botar alguém, desde que seja de direita, tá bom? Ou será que a direita vai gostar se coloca alguém de esquerda para fazer esse tipo de controle? Você coloca um ser humano ali, é um abraço", disse.
Para Eduardo Bolsonaro, "internet é tipo estádio de futebol". "Vai ali, extravasa, etc. Se você não gostar daquele perfil, é só parar de seguir. Se eu estou publicando e achei ofensivo aquilo, eu bloqueio o cara", argumentou.
O filho do presidente da República afirmou ainda que é Jair Bolsonaro quem administra a própria conta no Twitter, mas com a ajuda dos filhos.
"Claro, tem pessoas que o assessoram - ele passa um texto, algo assim, a pessoa aperta um Enter. O Carlos colabora com isso (...). Por ele ter experiencia de acompanhar bem de perto isso - e não existe até onde eu saiba um curso para você saber como lidar com uma rede social de um presidente conservador como Jair Bolsonaro -, o Carlos acabou ocupando esse espaço. E com muita sabedoria. Até porque prova disso é que o presidente foi eleito Ele é o principal responsável por nossas redes sociais. Agora dizer que Jair Bolsonaro fala X e ele tuíta Y, ai não", explicou.
Confira outros pontos da entrevista de Eduardo Bolsonaro à Jovem Pan:
Liturgia do cargo
"Eu falo o seguinte: quando alguém quer falar com Paulo Guedes, com o (Sergio) Moro, com o presidente, e não consegue, bate no meu gabinete (...). O Governo Bolsonaro veio para acabar com a liturgia do cargo, romper com o sistema."
Popularidade de Bolsonaro
"Quando você senta na cadeira presidencial, você vira alvo. As coisas mudam. Mas eu não sinto essa popularidade caindo. O termômetro que a gente tem das ruas é diferente. Parece que está se repetindo aquela história: os institutos de pesquisa dando 1%, 2%, e o presidente é eleito. Agora, as mesmas pessoas que estavam acostumadas a ter benesses do governo falando que está caindo a popularidade. Eu não vejo dessa maneira. Há, inclusive opiniões pesquisas falando o contrário."
Embaixada nos EUA x reeleição de Trump
"Essa (ser embaixador enquanto um democrata é presidente dos EUA) é uma possibilidade futura. Prefiro trabalhar com o presente. Atualmente, a gente não pode mandar para lá uma pessoa com o perfil PT. O futuro, não sei, a Deus pertence. Agora, o futuro está indo e convergindo para uma reeleição do Donald Trump."
Trump é liberal na economia?
"O Trump está jogando o jogo político mundial. Ele está vendo uma potência crescendo (China), e acho que a principal questão dele é: sim, ele toma medidas protecionistas para resguardar os EUA para ser o principal player econômico no mundo, mas o que ele deseja? Ele deseja fazer uma concorrência legítima, mínima. O que acontece com a China e o empresariado reclama? Eu dou um exemplo genérico: a China convida a empresa, a empresa vai para a China, eles copiam, depois chutam a empresa para fora e começam a fabricar o mesmo produto muito mais barato, porque a mão de obra é barata, porque tem coisas que não existem nos outros países. Acaba sendo uma concorrência desleal e predatória. Acaba sendo uma concorrência desleal. Ele quer convencer o mundo para ter esse piso mínimo, uma ética mínima, para conseguir fazer uma competição leal. Se for fazer o jogo correr do jeito que está, a China vai dominar todo mundo. Quando você não tiver mais emprego aqui, e tiver que concorrer com o chinês, a gente vai ter que pagar o mesmo salário de lá, os mesmos direitos trabalhistas de lá, a mesma regra de lá, que não é das mais democráticas. É isso que o americano pensa, e acho que o Trump está tentando fazer isso."
Interferência de Bolsonaro em outros países
"A gente costuma se aproximar daqueles que são semelhantes. Na Argentina, entre (Mauricio) Macri e Cristina Kirchner (vice na chapa de Alberto Fernández), é óbvio que a gente fica com o Macri. Não é nota 10, mas a Cristina é nota negativa. Eles vão botar no poder a pessoa responsável por colocar a Argentina nessa crise econômica. A gente tem que se posicionar. Uma das quebras de paradigma (do governo Bolsonaro) é o presidente se posicionar em questões internacionais."
Faculdade no Rio, emprego em Brasília
"Quem é que disse que eu tinha que estar presente em Brasília? Não tinha. Se eu tiver um assessor meu, tem que bater ponto em Brasília? Não tem. Posso ter um assessor morando em Santos, em São José do Rio Preto, em Votuporanga. No ofício de deputado federal, a pessoa gira, ela te representa no estado, te traz demandas do estado. Eu estou exemplificando com o trabalho de deputado federal, e isso ocorreu na questão da liderança do PTB. Agora, você vê só: essa semente plantada lá atrás gerou o deputado mais votado da história do Brasil. Não tem ilegalidade nenhuma. Se tivesse alguma ilegalidade, os promotores do MP teriam prevaricado sobre mim. Isso foi notícia da época. A BBC está só requentando essa notícia da época. Não existe qualquer ilegalidade. Se fosse uma notícia séria, eu estaria respondendo um processo; como não é, estou respondendo para a imprensa."
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