Dallagnol: Janot é equilibrado, e ameaça a Gilmar Mendes foi caso isolado
Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, disse ontem em entrevista que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é "equilibrado". Para o procurador, o que houve com Janot --que admitiu no mês passado que pensou em assassinar Gilmar Mendes-- foi um caso "isolado".
"Quando a gente olha o procurador, vemos que ele teve uma história de trabalho equilibrado e firme contra a corrupção. Acredito que a declaração dele foi uma questão bastante isolada", disse Dallagnol em entrevista para a Rede Massa, filiada do SBT no Paraná.
O coordenador da Lava Jato afirmou ainda que a atitude de Janot, mesmo que não dialogue com os princípios cristãos seguido por ele, foi apenas um pensamento e nenhum ação concreta foi realizada.
"Hoje, eventuais diferenças devemos resolver na Justiça. Mas tudo não passou de um pensamento. Ninguém pode ser punido por refletir sobre fazer algo. Mais errado ainda que se cogitar algo errado é fazer algo errado. E o que aconteceu em seguida, a busca e apreensão [na casa do Janot] não tem fundamento", disse.
O caso
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot disse que chegou a ir armado a uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de matar o ministro Gilmar Mendes. "Não ia ser ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele [Gilmar Mendes] e depois me suicidar", afirmou Janot, que deixou a Procuradoria há dois anos, em Entrevista ao Estado de S. Paulo.
O ex-PGR disse que o caso ocorreu em maio de 2017, quando ele --na época, chefe do Ministério Público Federal-- solicitou que o ministro do STF fosse impedido de analisar um habeas corpus de Eike Batista, sob a justificativa de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, era sócia de um escritório de advocacia que representava o empresário em diversos processos.
Gilmar Mendes, após a entrevista ser publicada, recomendou que Janot "procure ajuda psiquiátrica".
"Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País. Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal."
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