Major Olímpio quer paz entre Bolsonaro e PSL, mas critica Flávio e Eduardo
O senador Major Olímpio (SP), líder do PSL no Senado, tentou hoje mais uma vez apaziguar a relação entre Jair Bolsonaro (PSL) e a sigla. No entanto, mais uma vez, fez críticas ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filhos do presidente da República.
A crise entre Bolsonaro e o PSL se tornou pública ontem, quando um apoiador se apresentou como pré-candidato pela legenda no Recife, pedindo um momento para a gravação de um vídeo de apoio. Bolsonaro então sugeriu ao interlocutor para "esquecer o PSL" e disse que Luciano Bivar, presidente do partido, "está queimado para caramba lá".
Hoje, em entrevista à rádio Bandeirantes, Major Olímpio reconheceu que "a coisa deu uma fervida de ontem para hoje", a partir da manifestação de Bolsonaro. Porém, torce para que o presidente da República permaneça filiado ao partido atual.
"Faz 42 anos que eu entrei no serviço ativo da Polícia Militar, sempre fui de mediar conflitos e não gerar mais conflito nisso. Então estamos tentando amenizar a situação como um todo. Quando houve essa manifestação do presidente na saída da residência oficial, entrei em contato com o Bivar, que disse: não sei, qual seria a razão, o que fizemos. Falei com o (Antonio) Rueda, vice-presidente (do PSL), com o Julian Lemos (deputado federal, PSL-PB), e não tivemos uma reposta em relação a isso", disse.
"Seria muito ruim para presidente - e para o PSL, lógico - uma saída do presidente do PSL. Até brinquei com os amigos da imprensa: é como o cara morar sozinho e fugir de casa. A casa é dele. Ele é nosso maior ícone no PSL (...). Se ele sair do PSL e criar uma legenda, vai ser uma legenda pequena - como era o PSL quando ele entrou, mas em outro cenário. Se for uma sigla média ou grande, jamais vai ter o mesmo espaço. Então, se ele tem um problema, é melhor resolver. Vai no tête-à-tête e diz: 'é isso, não gosto isso'. E vamos, ver se a gente chega em bom termo", acrescentou.
Crise familiar
Em meio à crise interna do PSL, Jair Bolsonaro embarca no fim do mês para uma viagem oficial a Japão, China, Emirados Árabes, Qatar e Arábia Saudita. Para Major Olímpio, pode ser a oportunidade para apaziguar a situação - criada, segundo o senador, por pessoas no entorno presidencial.
"O presidente viaja amanhã. Pode ser ótimo, (para) dar uma serenada nos ânimos, pensar bem na vida (...). Acho que não pode jogar todo esse patrimônio político fora, saindo. Torço para que o presidente permaneça", afirmou, indo além.
"Tem uns caras que agitam, dizem que vai ter uma debandada... Os caras não conhecem o estatuto do partido, legislação eleitoral", acrescentou, dizendo ainda que "muita gente tem projeto de poder pessoal, de ocupação de espaço no partido".
Mais adiante, Major Olímpio declarou que "às vezes alguns aliados geram a crise pela crise", deixando claro que a crítica era referente aos filhos do presidente Jair Bolsonaro.
"(São) alguns posicionamentos do filho dele senador (Flávio), do filho deputado em São Paulo (Eduardo), que geram a crise pela crise. Em relação a esses dois, eu manifestei todo o desconforto (...)", explicou, afirmando que Eduardo está mais preocupado no momento com a possibilidade de ser nomeado embaixador nos Estados Unidos. "Está desmontando o partido."
"Filho é filiado que nem eu. Se fizer desaforo, vai ouvir desaforo. Se for embora hoje, é um favor que se faz. O presidente não. Quem se elegeu presidente foi o Jair Bolsonaro", arrematou.
"Eu acredito no projeto"
Aliado de Jair Bolsonaro no Senado, Major Olímpio afirmou que não deixará o PSL, independente da decisão do presidente. E mesmo em caso de rompimento de Bolsonaro com a legenda, continuará apoiando suas decisões.
"Eu acredito no projeto, no Jair Bolsonaro, na simplicidade dele, nos ideais. Se ele sair, não devo acompanhar, mas vou continuar acompanhando o projeto", disse.
"Com relação ao partido, não posso reclamar nada do partido, não posso fazer reclamações da postura do Bivar. Pedi para sair da direção do partido em São Paulo, não sabia que seria essa conduta do Eduardo, destrutiva, e de algumas pessoas que ele colocou na executiva. Saí em 25 de abril e começaram essa caça às bruxas, esse desmonte. Mas eu sou perseverante", acrescentou, indo além.
"Quando teve essa crise com o Flávio, pensei: estamos certos. Vamos sair pela porta dos fundos? Eu sou perseverante. Se o PSL não me quiser mais, é só me dizer. Vou continuar na luta, na batalha. Não tenho mais direito de pedir eleitoralmente nada a ninguém. Cheguei ao Senado como azarão. Sou aliado de primeira hora do Jair Bolsonaro, me esforcei muito pela eleição dele em São Paulo, reconheço o papel do PSL. Foi o único partido que deu ao Jair Bolsonaro a garantia de que, se viesse para o partido, seria candidato à presidência da República. Se não fosse o Bivar e o PSL, não existiria o Jair Bolsonaro presidente. Sem o Jair Bolsonaro presidente, não existiria o PSL deste tamanho."
Embora prometendo fidelidade a Jair Bolsonaro, Major Olímpio disse torcer para que o presidente "reveja algumas posições". Desta forma, poderá restabelecer a paz no partido.
"Minha ideia é permanecer no partido, (mas) que o presidente Jair Bolsonaro reveja algumas posições. No PSL, ele não tem inimigos, pelo contrário: o único partido que vota fechado (com o presidente), todos os deputados e senadores, é o PSL. Você tem partidos, como o Democratas - quando interessa, vota com o presidente. Quando fica na dúvida, dá uma porrada sem dó. O PSL não, é a Geni. 'Joga pedra na Geni.' A Geni, que é o PSL, é o fiel de todos os dias", comparou.
"Queremos continuar a ter essa fidelidade ao presidente. Vejo pessoas ao redor do presidente que jogam o presidente contra o partido e o partido contra o presidente. Acho que uma conversa efetiva e madura com o Bivar pode resolver todas as arestas", encerrou.
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