Em meio a crise no PSL, deputados do Rio juram lealdade a Flávio Bolsonaro
Resumo da notícia
- A possível saída de F. Bolsonaro do diretório do PSL-RJ causa reflexos na Alerj
- Deputados se dizem fiéis a Flávio e afirmam não temer sanções do partido
- Mudanças nos comandos dos diretórios de SP, Rio e Minas ainda não foram definidas
A possibilidade de saída do senador Flávio Bolsonaro (PSL) do comando do diretório fluminense do PSL, em razão da crise instaurada entre o seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), e o presidente nacional do partido, Luciano Bivar, causa reflexos diretos na bancada da legenda na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). A ala que se diz incondicionalmente fiel à família Bolsonaro acena com a possibilidade de seguir votando sob o comando de Flávio, mesmo que ele deixe o cargo —ficando, desta forma, sujeita a sanções do partido.
Nome mais cotado pela cúpula do PSL para assumir o diretório do Rio no lugar de Flávio, o deputado federal Sargento Gurgel (PSL-RJ) pertence à ala bivarista do partido na Câmara e já manifestou decepção com Jair Bolsonaro em entrevista recente ao jornal O Dia. Dos 12 deputados que compõem a bancada do PSL na Alerj, sete se mostram dispostos a seguir o presidente, caso ele troque de partido. Outros cinco afirmam que devem continuar na legenda, mas compondo a base governista de Wilson Wizel (PSC).
Em meio a incertezas e à instabilidade que paira na Alerj, o deputado Filippe Poubel (PSL) é um dos que declara apoio à família e diz que deve continuar votando sob as orientações de Flávio, mesmo que ele deixe o posto.
"Até o momento não houve uma reunião da bancada do partido para definir os rumos, mas tudo o que tenho a dizer é que gratidão não prescreve, sou Bolsonaro e acompanho até o final, independente de qualquer coisa", afirmou o bolsonarista.
Também eleito pelo PSL, Márcio Gualberto afirma que vê Flávio como "única liderança" do partido. "Seguirei fiel à família Bolsonaro, pois eles representam os anseios de 57 milhões de brasileiros que desejam um país livre do socialismo, próspero e cheio de oportunidades. O nosso presidente do diretório estadual é o senador Flávio Bolsonaro. Desconheço qualquer outro nome além do dele. Não acredito que haverá qualquer tipo de retaliação [no caso de votar projetos de acordo com as orientações de Flávio, ignorando uma possível nova administração do diretório]."
Pré-candidato à Prefeitura do Rio pelo PSL, o deputado Rodrigo Amorim também afirma fidelidade a Flávio. "O mandato é do partido, mas eu tenho as minhas convicções pessoais. Eu sigo sob a batuta do Flávio Bolsonaro até o fim. Está é, foi, e seguirá sendo a minha diretriz independente de qualquer coisa. Me elegi assim e não vou trocar de lado agora", disse Amorim nesta terça-feira (22).
A reportagem conversou com outros três deputados que compõem a bancada do partido e também manifestaram interesse em seguir fiéis aos Bolsonaro, ficando sujeitos até mesmo a uma eventual expulsão do PSL, caso votem projetos contrários ao interesse do partido. Os parlamentares preferiram não se identificar.
Em reunião da Executiva do PSL realizada hoje em Brasília foi decidia a abertura de processo disciplinar contra 19 parlamentares. As mudanças dos comandos dos diretórios de São Paulo e Rio ainda não foram definidas. Com isso, Eduardo e Flávio Bolsonaro seguem nas respectivas presidências. O diretório de Minas Gerais, que tem como presidente licenciado o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio, também não foi alterado.
A cúpula também decidiu pela adoção de compliance (conjunto de medidas para aperfeiçoar normas internas) na Executiva, e nos níveis estadual e municipal.
Nome de Witzel é especulado no PSL fluminense
Uma possível saída de Jair Bolsonaro do PSL movimenta a bancada do partido na Alerj, que corre o risco de se dissolver, caso o chefe do Executivo deixe a legenda. Ainda não se sabe, no entanto, se os deputados que optarem por compor a base de Witzel vão permanecer no PSL, já que um possível ingresso de Witzel no partido após eventual saída de Bolsonaro não é descartado.
O governador do Rio já manifestou vontade de concorrer à Presidência da República em 2022 —se trocar de partido, passa a contar com um fundo partidário maior do que tem hoje disponível no PSC.
Pesa, para os deputados que seguirem os passos de Bolsonaro, a possibilidade de ter a exposição na TV reduzida durante a campanha eleitoral do ano que vem em relação ao tempo que teriam caso ficassem no PSL. Deputados estaduais no Rio já manifestaram a vontade de concorrer a prefeituras fluminenses em 2020.
Se deixarem o partido, deputados estaduais do PSL também temem a exoneração dos seus indicados no governo Witzel. Estima-se que, atualmente, os parlamentares do PSL mantenham ao menos 43 nomeados em pastas do governo fluminense.
Ao UOL, deputados estaduais que pretendem seguir ao lado do presidente disseram que apostam na criação de uma nova legenda por Bolsonaro, que poderia surgir a partir da fusão de dois ou mais partidos. Dessa forma, não seria necessária a abertura de uma janela partidária para a migração.
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