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CPI das Fake News convoca Gleisi, dono da Havan e assessor de Bolsonaro

Luciano foi cabo eleitoral de Bolsonaro e postar nas redes sociais para publicar mensagens de repúdio à esquerda - Reprodução/Facebook
Luciano foi cabo eleitoral de Bolsonaro e postar nas redes sociais para publicar mensagens de repúdio à esquerda Imagem: Reprodução/Facebook

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

23/10/2019 14h20

A CPMI das Fake News, criada no Congresso para apurar a produção e disseminação de notícias falsas na internet, aprovou hoje requerimentos de convocação da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), do empresário dono da rede Havan, Luciano Hang, e do assessor especial da Presidência da República Tércio Arnaud Tomaz.

A convocação à CPMI é também um instrumento político, pois, nesse caso, o depoente é obrigado a comparecer e não pode mentir, sob risco de receber voz de prisão. É diferente, por exemplo, do requerimento de convite, quando a pessoa em questão tem a possibilidade de escolher se aceita ou não.

Gleisi será chamada a pedido de parlamentares do PSL que compõem a comissão. Já Hang, que foi cabo eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e costuma utilizar as redes sociais para publicar mensagens de repúdio à esquerda, foi lembrado pelo deputado Rui Falcão (PT).

Também é de Falcão o requerimento de convocação de Tércio, que atuou na campanha eleitoral de Bolsonaro fazendo vídeos e publicando materiais no Twitter. No começo do ano, ele foi nomeado assessor especial do presidente.

Congressistas do PSL que recentemente entraram em rota de colisão com o governo Bolsonaro serão convidados. É o caso de Delegado Waldir (GO), que foi destituído do cargo de líder do partido na Câmara para dar lugar a Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP).

Entre solicitações de convocação e de convite, no total, foram aprovados 67 requerimentos. A comissão também deu aval a pedido de compartilhamento de informações e provas. Uma das decisões, por exemplo, pede ao WhatsApp que forneça os metadados não criptografados de todas as contas banidas do aplicativo por suspeita de disseminação de fake news e discurso de ódio no período eleitoral do ano passado (15 de agosto a 28 de outubro).

Mais depoimentos

Deputados e senadores convocaram ainda outros funcionários do Planalto, como o assessor especial para assuntos internacionais Filipe G. Martins e dois comissionados de confiança de Bolsonaro (Mateus Matos Diniz e José Matheus Salles Gomes). Também serão chamados o blogueiro de direita Allan dos Santos e o fundador do movimento RenovaBR, Eduardo Mufarej.

Representantes do site TextNow e da empresa Quick Mobile vão depor à CPMI. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, ambos foram utilizados no esquema de aquisição de pacotes de disparos em massa no WhatsApp contra o PT e em favor da campanha de Bolsonaro no ano passado. O jornal apurou que a tática ilegal foi bancada por empresários apoiadores de Bolsonaro, entre os quais Luciano Hang, e que cada contrato chega a R$ 12 milhões.

Paulo Marinho (PSDB-RJ), que foi eleito 1º suplente na chapa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e depois rompeu com o filho do presidente, é outro a ser convocado. Na campanha, o empresário emprestava a sua mansão no Rio para a instalação de um estúdio improvisado, que serviu de quartel-general da comunicação do então candidato Jair Bolsonaro.

Recentemente, em entrevista à GloboNews, Marinho surpreendeu ao admitir que, do local, foram enviadas mensagens de fake news para grupos de WhatsApp.

Parlamentares pesselistas também conseguiram emplacar requerimentos de convocação. Serão chamados representantes de sites de esquerda, como Brasil 247, Diário do Centro do Mundo e outros.

Eduardo Bolsonaro se diz "indiferente" a ida de Carlos

Líder do PSL na Câmara e filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro declarou hoje estar "um tanto quanto indiferente" em relação à possibilidade de convocação do irmão Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro pelo PSC, para depor na CPMI.

Carlos é ativo nas redes sociais e, desde a eleição do ano passado, notabilizou-se por mensagens em defesa do pai, do governo e com ataques aos adversários.

O vereador também tem o hábito de postar utilizando a conta de Bolsonaro no Twitter. Os conteúdos geralmente reverberam e levam a contestações, sobretudo das pessoas na mira da artilharia do filho do presidente.

Os membros da CPMI debatiam na tarde de hoje a possibilidade de votar em bloco ou individualmente os requerimentos que constam na pauta. Não é o caso de Carlos, cujo pleito de convocação só será analisado e apreciado futuramente. Mesmo assim, Eduardo se antecipou e defendeu o irmão.

"A questão do Carlos Bolsonaro é usada aqui como moeda de troca. Barganha, né? Convocá-lo ou não para mim é, sinceramente, um tanto quanto indiferente. Se ele vier aqui, acho que ele vai falar muitas verdades, como sempre [o faz] nas redes sociais."

Na visão do deputado, ao pleitear a ida de Carlos e outros bolsonaristas, a oposição pretende "minar todas as pessoas que tenham uma ascensão conservadora".

Ouça o podcast Baixo Clero (https://noticias.uol.com.br/podcast/baixo-clero/), com análises políticas de blogueiros do UOL.

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CPMI das Fake News vai investigar o governo, diz lider do PT

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