Live de Bolsonaro vai de ataque à Globo a facada; veja os principais pontos
Resumo da notícia
- Globo e o governador do Rio, Wilson Witzel, foram os principais alvos do presidente
- Para Bolsonaro, a Globo quer "criar uma narrativa" de que ele deveria "se afastar"
- A Globo diz que "não tem nenhum objetivo de destruir quem quer que seja"
- Bolsonaro insinuou que Witzel vazou a investigação do caso Marielle para a Globo. O governador negou
- Bolsonaro também reclamou de reportagens e investigações sobre parentes seus e da primeira-dama, Michelle
- O presidente ainda rememorou a facada que sofreu e cobrou investigação da PF, apesar de a Justiça já ter encerrado o caso
"Desculpem a forma como me dirigi aqui. Estou, confesso, bastante exaltado", disse o presidente Jair Bolsonaro (PSL) no encerramento da live de pouco mais de 20 minutos, ontem à noite, em que rebateu a citação ao seu nome na investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes. A menção ao presidente foi noticiada pela TV Globo.
Entre seguidos ataques ao Grupo Globo e ao governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), o presidente se colocou como alvo de uma suposta perseguição da empresa de mídia, que miraria também integrantes de sua família. Bolsonaro ainda falou do atentado que sofreu no ano passado e cobrou da Polícia Federal que descubra "quem mandou matar Jair Bolsonaro".
Segundo a reportagem da TV Globo, um dos acusados pelo duplo homicídio, Élcio Vieira de Queiroz, visitou o condomínio onde Bolsonaro tem casa no mesmo dia do crime. De acordo com depoimento de um porteiro do condomínio, Élcio disse que iria à casa de Bolsonaro e foi autorizado a entrar por alguém que teria a voz do "seu Jair". Na verdade, Élcio foi à residência de Ronnie Lessa, assim como ele acusado de matar Marielle e Anderson.
A seguir, veja as principais declarações de Bolsonaro na live de ontem, feita quando era madrugada na Arábia Saudita, onde o presidente realizava viagem oficial.
"Digitais no painel de votação da Câmara"
Bolsonaro rebateu a possibilidade de ter liberado a entrada de Élcio. Na época, o presidente era deputado federal e registrou presença no plenário da Câmara, em Brasília, em horários próximos à visita do suspeito. A própria reportagem da TV Globo também cita a presença de Bolsonaro na Câmara como uma contradição com o depoimento do porteiro.
"Eu tenho registrado, no painel eletrônico da Câmara, presença às 17h41 — ou seja, 31 minutos depois da entrada desse cidadão, desse elemento no condomínio— e também [às] 19h36. E tenho também registrado no dia anterior e no dia posterior as minhas digitais no painel de votação", disse o presidente.
"Globo tenta construir narrativa"
Ainda nos primeiros minutos da live, Bolsonaro afirmou que a Globo tenta construir uma "narrativa" em que seria "suspeito de ter participado, ou ser um dos mentores, da morte da senhora Marielle Franco".
Daí em diante, o presidente fez uma série de suposições para justificar por que o grupo de mídia estaria agindo contra ele, seu governo, sua família e até mesmo contra o Brasil.
Bolsonaro citou os protestos que ocorrem em países sul-americanos para perguntar se a Globo "quer criar um fato, uma narrativa de que eu deveria me afastar, ou que o povo deveria ir à rua para pedir meu afastamento, tendo em vista os indícios do caso Marielle agora?".
O presidente também disse que o grupo de mídia "mamava bilhões de estatais" e que não vai renovar a concessão da TV Globo, em 2022, se o processo "não estiver limpo, legal".
Bolsonaro afirmou ainda que a Globo deveria ser investigada por ter tido acesso a uma investigação em segredo de Justiça.
"TV Globo, vocês não têm juízo? Parem de trair o Brasil!", afirmou o presidente. "Acabou a teta! Vão ficar me infernizando até quando?"
Autoridades podem ser punidas por vazar informações sigilosas, mas a Constituição garante ao jornalista o sigilo de suas fontes.
Em nota, a Globo disse que "não tem nenhum objetivo de destruir quem quer que seja, mas é independente para informar com serenidade todos os fatos, mesmo aqueles que possam irritar as autoridades. E assim pode agir, justamente porque não depende nem nunca dependeu de verbas de governos, embora a propaganda oficial seja legítima e legal".
"Witzel quer disputar Presidência em 2022"
Bolsonaro insinuou que o governador do Rio vazou as informações sobre o depoimento do porteiro à TV Globo. Afirma que a notícia do vazamento via Witzel foi dada pela revista Veja.
Na verdade, a Veja noticiou que Witzel soube com antecedência da menção ao nome de Bolsonaro na investigação do caso Marielle.
Bolsonaro também acusou Witzel de ter se tornado inimigo de um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), depois de tê-lo como aliado na eleição de 2018. "Por quê? Porque o senhor quer disputar a Presidência em 2022."
O governador negou ter vazado informações sobre a investigação, assim como qualquer interferência no caso.
"O tempo todo ficam em cima da minha vida"
Bolsonaro também reclamou de reportagens e investigações sobre seus filhos e outros parentes, assim como de notícias envolvendo a primeira-dama Michelle Bolsonaro, no que seria "uma narrativa para tentar constranger" sua família.
O presidente mencionou investigações sobre seus filhos Flávio, senador pelo PSL do Rio, e Carlos, vereador carioca pelo PSC; e uma apuração da Receita Federal sobre parentes "pobres" do Vale do Ribeira, região paulista onde o presidente cresceu. Em agosto, o jornal O Globo noticiou que a Receita investiga Renato Bolsonaro, irmão do presidente.
Bolsonaro questionou a publicação de reportagens sobre uma avó de Michelle, que foi presa por tráfico de drogas, e sobre a mãe dela, que foi acusada de falsidade ideológica anos atrás. "Teve sim, problema. Mas por que essa exposição?", perguntou.
"O tempo todo ficam em cima da minha vida, dos meus filhos, de quem está próximo de mim", reclamou o presidente.
"Queremos saber quem mandou matar Jair"
Nos últimos minutos da live, o presidente se dedicou a dizer que está à disposição dos investigadores do caso Marielle e que seu depoimento não seja colocado em sigilo. Ao mesmo tempo, cobrou da Polícia Federal que continue investigando o atentado que sofreu durante a campanha eleitoral do ano passado.
"Nós também queremos saber quem mandou matar Jair Bolsonaro. Se alguém achar que foi da cabeça do Adélio, está surtando. Se ele fosse maluco, tinha matado mais gente", disse o presidente.
A Justiça Federal declarou Adélio Bispo de Oliveira, o homem que esfaqueou Bolsonaro, como inimputável. Como os advogados do presidente não recorreram da decisão, o processo transitou em julgado —ou seja, não cabem mais recursos.
Na live, o presidente disse que não recorreu por causa do risco, a seu ver, de que Adélio não fosse declarado inimputável. Desta forma, o agressor pegaria "uma pena pequena por tentativa de homicídio e estaria na rua, talvez preparando para executar um parente meu".
Adélio está detido no presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS) e deve passar por uma primeira avaliação psiquiátrica daqui a três anos.
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