Loja de Flávio Bolsonaro é alvo de busca em operação sobre o Caso Queiroz
Resumo da notícia
- O estabelecimento de Flávio é uma franquia da loja de chocolates Kopenhagen
- Funcionários do MP estiveram na manhã de hoje na empresa para recolher documentos
- A loja localiza-se em um shopping da Barra da Tijuca próximo a escritório de Flávio
O senador Flávio Bolsonaro (sem partido), filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), também foi alvo de mandado de busca e apreensão em operação deflagrada pelo MP (Ministério Público) do Rio em desdobramento do Caso Queiroz. Ao todo, 24 mandados foram cumpridos em endereços ligados a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, e a parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente.
Funcionários do MP estiveram na manhã de hoje em uma empresa do senador para recolher documentos. A ação foi realizada pelo Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção), responsável pelas investigações do Caso Queiroz. Os investigadores estiveram na sede da empresa Bolsotini Chocolates e Café Ltda —franquia da loja de chocolates Kopenhagen localizada no shopping Via Parque, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. A administração do Via Parque confirmou que houve o cumprimento do mandado no local.
O advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, confirmou ao UOL que virá hoje ao Rio por conta da operação do MP.
Em nota, Wassef criticou a operação, mas afirmou que os promotores "não irão encontrar nada" que comprometa Flávio Bolsonaro.
"Recebemos a informação sobre as novas diligências com surpresa, mas com total tranquilidade. Até o momento, a defesa não teve acesso a medida cautelar que autorizou as investigações e, apenas após ter acesso a esses documentos, será possível se manifestar. Confirmo que a empresa do meu cliente foi invadida, mas garanto que não irão encontrar nada que o comprometa. O que sabemos até o momento, pela imprensa, é que a operação pode ter extrapolado os limites da cautelar, alcançando pessoas e objetos que não estão ligados ao caso", afirmou.
Empresa foi alvo de quebra de sigilo
A empresa de Flávio Bolsonaro vem figurando com frequência nas investigações do Caso Queiroz. O senador usa frequentemente o fato de ser proprietário da loja como justificativa para suas movimentações financeiras e evolução patrimonial —ambas investigadas pelo MP do Rio.
Em abril, a empresa teve os sigilos fiscal e bancário quebrados pelo juiz Flávio Itabaiana, 27ª Vara Criminal do Rio. No mesmo pedido, Flávio e sua mulher, a dentista Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, também foram alvos das medidas cautelares.
Em entrevista à RedeTV em janeiro deste ano, Flávio citou suas atividades empresariais como fonte de seu patrimônio.
"Sou empresário. Eu movimento no ano, recebo no ano, do lucro desta minha empresa, muito mais do que eu recebo como deputado. No comércio, você pega dinheiro", afirmou, em referência a movimentações com valores em espécie. "A origem [dos recursos investigados] é a minha empresa e o imóvel que eu vendi, no valor de R$ 2,4 milhões. Você acha que, se fosse um dinheiro ilícito, eu ia depositar na minha conta", questionou.
Porém, relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) divulgado em janeiro pela revista Veja contradiz a versão do senador para explicar seus ganhos financeiros. O documento apontou movimentação atípica de Flávio Bolsonaro R$ 632 mil entre agosto de 2017 e janeiro de 2018.
Segundo o RIF (Relatório de Inteligência Financeira), Flávio recebeu no período R$ 120 mil como lucro da loja. O valor é menor do que sua remuneração à época como deputado estadual, que somou R$ 131 mil no mesmo período. O órgão não conseguiu identificar a origem de outros R$ 90 mil recebidos pelo filho mais velho do presidente.
Loja foi visitada por políticos e celebridades
Inaugurada em março de 2015, a franquia foi celebrada pelo hoje senador em suas redes sociais. O evento que marcou o início dos serviços contou com a presença do seu pai, o atual presidente da República Jair Bolsonaro, do ex-técnico de futebol Carlos Alberto Parreira e do deputado estadual e ex-jogador Bebeto (Podemos).
O nome escolhido para a razão social "Bolsotini" é uma mistura do sobrenome da família presidencial com o do sócio de Flávio, Alexandre Santini. A região do shopping é considerada estratégica pela família Bolsonaro.
Em um prédio anexo ao Via Parque, Flávio mantém o seu escritório pessoal, onde recebe aliados políticos e costumava realizar as reuniões com a bancada do PSL, enquanto ocupou a presidência do diretório fluminense do partido.
Depois da desfiliação da legenda, no mês passado, o local voltou a ser ponto de encontro entre o senador e os deputados estaduais que permaneceram fiéis ao filho primogênito de Jair Bolsonaro.
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