Alvim alega "coincidência retórica" após copiar discurso de líder nazista
O secretário da Cultura do governo Bolsonaro foi ao Facebook na manhã de hoje se explicar após copiar trechos de um discurso do líder nazista Joseph Goebbles em vídeo publicado ontem para anunciar o lançamento de um novo programa de incentivo à arte.
O que aconteceu, segundo afirmou o secretário, foi uma "coincidência retórica". Ele disse que "não há nada de errado com a frase" e que a esquerda está "tentando desacreditar" a iniciativa.
"O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota", escreveu. "Com uma coincidência retórica em uma frase sobre nacionalismo em arte estão tentando desacreditar todo o Prêmio Nacional das Artes [programa anunciado na ocasião], que vai redefinir a Cultura brasileira".
No vídeo, Alvim afirmou que 2020 será um ano de "renascimento" para a cultura e defendeu o "conservadorismo em arte".
"Eu não citei ninguém. O trecho fala de uma arte heroica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro. Não há nada de errado com a frase", reformou Alvim. "Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira. Não o citei e jamais o faria, mas a frase em si é perfeita".
Discurso
O secretário aproveitou a tradicional live semanal feita pelo presidente Jair Bolsonaro para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, um novo programa de incentivo cultural a ser lançado na próxima semana.
"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", discursou Alvim, ontem.
O livro "Goebbels: a Biography", de Peter Longerich, mostra que o líder nazista teria feito uma fala muito semelhante na década de 1940: "A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".
Críticas
Na manhã de hoje, Alvim recebeu críticas do presidente da Câmara dos Depuitados, Rodrigo Maia, que pediu no Twitter que o governo brasileiro o afaste imediatamente do cargo.
"O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo", escreveu.
Também na manhã de hoje, Alvim foi criticado por Olavo de Carvalho, que escreveu, no Facebook, que o secretário "não está muito bem da cabeça".
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) disse, no Twitter, que o partido pedirá o indiciamento de Alvim pelo crime de apologia ao nazismo.
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