Quem foi Goebbels, que teve discurso copiado por secretário de Bolsonaro
Resumo da notícia
- Joseph Goebbels era ministro da Informação e Propaganda na Alemanha nazista
- Goebbels teve um discurso seu copiado pelo então secretário da Cultura de Bolsonaro
- Braço direito de Hitler, sua propaganda ajudou a levar o nazismo ao poder
Famoso por chefiar o Ministério da Informação e Propaganda na Alemanha nazista, Joseph Goebbels voltou ao noticiário na madrugada de hoje graças a um vídeo divulgado pela Secretaria Especial da Cultura do governo Jair Bolsonaro.
Nele, o secretário Roberto Alvim celebrou a divulgação do Prêmio Nacional das Artes parafraseando trechos de um discurso de Goebbels, o braço direito de Adolf Hitler. Alvim já foi exonerado do cargo.
O nazismo propagandeado por Goebbels matou entre 5 e 6 milhões de pessoas em campos de concentração, entre judeus, ciganos, homossexuais, comunistas, anarquistas e sindicalistas. As ambições imperialistas do nazismo resultaram na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando aproximadamente 60 milhões de pessoas perderam a vida.
Compare as frases:
"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", afirmou Alvim no vídeo postado nas redes sociais.
"A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada", disse o ministro de cultura e comunicação de Hitler em um pronunciamento para diretores de teatro, segundo o livro "Goebbels: a Biography", de Peter Longerich.
Quem foi Goebbels?
Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade
A frase mais famosa de Goebbels resume sua trajetória no governo nazista.
Nascido em uma família católica da pequena burguesia, Paul Joseph Goebbels estudou filologia alemã e, depois de se doutorar e tentar carreira como escritor, aderiu ao NSDAP (Partido Nacional-Socialista do Trabalhador Alemão), o Partido Nazista, em 1925.
No ano seguinte, foi nomeado presidente do partido na região de Berlim e, um ano mais tarde, fundou a revista nacional-socialista Der Angriff (O Ataque). Em 1928 passou a pertencer ao Reichstag (Parlamento alemão).
Ele acabou nomeado chefe da propaganda do partido em 1930 por ser considerado por Hitler o propagandista mais competente do NSDAP. A propaganda eficaz permitiu a Goebbels contribuir para o êxito do Partido Nazista em sua trajetória para tomar o poder, em 1933, e para a aceitação do regime.
Ministro da Informação e Propaganda e presidente da Câmara de Cultura, ele obrigou os meios de comunicação social e as instituições culturais a difundir o ideal nazista. Manipulou a opinião pública valendo-se de demagogia, organizou o culto ao Führer e fez do antissemitismo doutrina de Estado.
Goebbels estimulou a realização de numerosos crimes nazistas, como a "noite dos cristais", em que foram destruídas sinagogas, casas e lojas de judeus, em 1938. Em consequência da derrota na batalha de Stalingrado, em 1943, ele mobilizou o povo alemão para uma "guerra total" em um discurso no Palácio dos Desportos.
Devido ao atentado frustrado contra Hitler no dia 20 de julho de 1944, Goebbels recebeu amplos poderes para desencadear a guerra total.
Poucas horas depois de Hitler cometer suicídio, no entanto, Goebbels —recém nomeado seu sucessor testamentário— também se matou juntamente com a mulher, após ter assassinado os seis filhos.
Seu pensamento está condensando nos Diários de Joseph Goebbels, publicados em 1987.
Conheça algumas frases de Joseph Goebbels:
Nós não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um certo efeito
É claro que a propaganda tem um propósito. Contudo, este deve ser tão inteligente e virtuosamente escondido que aqueles que venham a ser influenciados por tal propósito nem o percebam.
A democracia não é nada mais do que a exploração internacional da riqueza nacional pelo capital financeiro com a tolerância tácita de nossa classe média nacional
Será minha ambição não descansar nem repousar até que o último judeu tenha saído de Berlim
Para convencer o povo a entrar na guerra, basta fazê-lo acreditar que está sendo atacado.
Mais vale uma mentira que não pode ser desmentida do que uma verdade inverossímil
A propaganda deve limitar-se a um pequeno número de ideias e repeti-las incansavelmente, apresentando-as repetidas vezes a partir de perspectivas diferentes, mas sempre convergindo para o mesmo conceito. Sem fissuras ou dúvidas
Individualize o adversário em um único inimigo
Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade
Estes não são mais homens, são animais. Portanto, não é uma tarefa humanitária, mas cirúrgica
(Após visitar um gueto na Alemanha)
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