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Roberto Alvim culpa assessoria e pesquisa no Google por menção a Goebbels

Hanrrikson de Andrade e Luís Adorno

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

17/01/2020 10h45Atualizada em 17/01/2020 13h49

O secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, culpou hoje sua assessoria pelo discurso que faz menção a Joseph Goebbels e afirmou que o episódio foi uma "infeliz coincidência retórica" resultante de uma pesquisa no Google. Ele admitiu ter redigido 90% do pronunciamento veiculado ontem, mas não se responsabilizou pelas frases copiadas de um dos textos do ministro da Alemanha nazista. No fim da manhã, Alvim foi exonerado.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Alvim classificou o episódio como uma "casca de banana", questionado se deveria ou não pedir desculpas, afirmou: "Eu não posso me desculpar por uma coisa que eu não fiz deliberadamente".

O secretário do governo Jair Bolsonaro (sem partido) revelou ainda que a pasta está "investigando justamente qual foi a origem disso tudo". Na versão dele, as frases que remetem a Goebbels teriam sido colocadas em sua mesa pelos assessores que se dedicaram à pesquisa. A ideia original, segundo afirmou Alvim, era buscar no Google discursos sobre o tema "nacionalismo em arte".

"Qualquer pessoa com o mínimo de sanidade mental não pode ser cúmplice ou simpática a um regime que exterminou pessoas, um regime tão genocida quanto todos os regimes de esquerda ao longo do século 20", afirmou.

No vídeo, com o retrato de Bolsonaro ao fundo, Alvim imita a aparência e o tom de voz de Goebbels. Outra referência ao nazismo é a música de fundo, da ópera "Lohengrin", de Richard Wagner, obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.

"A minha vinculação é com a ideia de nacionalismo em arte, sim. Ele também tinha esse discurso? Tinha. Há uma similaridade aí. Agora, depreender daí semitismos, a ideia de que um indivíduo venha partir do seu sangue... É absolutamente terrível sob qualquer ponto de vista", complementou.

Outros intelectuais absolutamente incríveis também preconizam essa ideia. Daí a estender a associação para extermínio a pessoas em campos de concentração, é uma coisa muito forçada.

Alvim afirmou, ainda, que explicou o caso ao presidente Bolsonaro pela manhã. "Sim, aceitou [a explicação]. Entendeu que não houve má intencionalidade. Que não sabia a origem da menção específica, que o programa não pode ser diminuído por conta dessa questão", disse.

Até um ditador sanguinário pode ter uma ou outra frase corretas. Embora estejam travestindo nobres discursos às intenções mais espúrias. Você vai encontrar belíssimas frases sobre a humanidade na boca de um assassino contumaz como Che Guevara. E, se você não sabe a origem, pode se apropriar dela.

O vídeo publicado ontem gerou uma onda de indignação nas redes sociais e também manifestações de repúdio de autoridades. Em uma delas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu o afastamento imediato do secretário de Cultura.