Moro defende Bolsonaro sobre ataques à mídia e vê caso Alvim como "bizarro"
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, defendeu Jair Bolsonaro (sem partido) ao ser indagado sobre um levantamento feito pela Fenaj de que o presidente foi responsável por 121 ataques contra profissionais e veículos de imprensa em 2019. Moro afirmou que Bolsonaro "dá ampla liberdade à imprensa" e vê a postura do mandatário como uma reação às críticas que recebe. A declaração foi feita durante o programa Roda Viva, da TV Cultura.
"O que vi nas eleições passadas, é que você tinha um grupo falando que iria regular imprensa, cercear a liberdade da imprensa e do judiciário. E do outro lado, vejo o presidente dando ampla liberdade à imprensa. É claro que isso é um dever, uma obrigação constitucional do presidente, mas você não vê qualquer atitude do presidente tentando cercear a liberdade de imprensa", disse Moro, antes de ser interrompido pela apresentadora do programa.
"Tem [atitudes], sim, ministro. Ele já proibiu a 'Folha de S. Paulo' em certames públicos, o que foi vetado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), proíbe repórteres de fazer perguntas. Enfim, não só palavras, mas atitudes também", rebateu Vera Magalhães.
Diante da insistência nos questionamentos sobre a postura de Bolsonaro com repórteres, Moro reagiu. "Agora veja, fui convidado a vir pro Roda Viva. Se eu não aceitar seria censura? Faz uma pergunta ao presidente, ele pode não responder. Eu não vim aqui para falar sobre o presidente, vim para falar sobre o Ministério. O presidente tem respeitado a liberdade da imprensa. O que acontece é que ele tem sido criticado e muitas vezes ele reage", afirmou ele.
Segundo balanço realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o presidente Bolsonaro foi o responsável por 121 dos 208 ataques contra veículos de comunicação e jornalistas compilados no Brasil no ano passado, o que representa 58% do total.
A maioria dos ataques de Bolsonaro ocorreu em divulgações oficiais da Presidência da República, de acordo com a federação. Entre esses ataques, houve discursos e entrevistas do presidente —transcritos no site do Palácio do Planalto— ou por meio do Twitter oficial do presidente.
Na ocasião, Bolsonaro reagiu com ironia. "HAHAHAHAHAHAHA. KKKKKKKKKKKKKKK." O comentário foi publicado na conta oficial do Facebook e do Twitter do chefe do Planalto.
"Episódio bizarro"
Moro também comentou a exoneração do Secretário de Cultura, Roberto Alvim, depois de publicar vídeo que causou revolta nas redes sociais.
No vídeo, com o retrato de Bolsonaro ao fundo, Alvim imita a aparência e o tom de voz de Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista de Hitler. Outra referência ao nazismo é a música de fundo, a ópera Lohengrin, de Richard Wagner, obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.
O ministro da Justiça definiu o episódio como "bizarro". "Nesse caso do Secretário de Cultura, ao meu ver foi um episódio bizarro. E, tendo ciência desse episódio, eu dei a minha opinião. Dei a minha opinião ao presidente, mas cabe a ele tomar a decisão. E ele tomou a decisão correta. A minha opinião foi a opinião de geral: 'um episódio bizarro' e a situação era insustentável", disse Moro.
Durante a madrugada, Moro tuitou sobre sua participação e postou uma foto da caricatura desenhada durante o programa: "Foi uma boa experiência no Roda Viva. Jornalistas às vezes duros, mas dedicados. Abaixo desenho do Paulo Caruso. Para quem assistiu, a paráfrase era do Mark Twain, os boatos sobre minha "demissão" foram um tanto exagerados."
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