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Coordenador da Lava Jato na PGR deixa o cargo; subprocuradora assume

Subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo - Gil Ferreira/Agência CNJ
Subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo Imagem: Gil Ferreira/Agência CNJ

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

23/01/2020 18h38Atualizada em 23/01/2020 19h57

Resumo da notícia

  • José Adonis Callou abandona função 3 meses após assumir
  • Nova coordenadora é Lindôra Araújo, subprocuradora que participou da Operação Navalha
  • Procurador-geral também levou para grupo de trabalho seu primo Vladimir Aras e Raquel Branquinho

O coordenador da Operação Lava Jato na PGR (Procuradoria-Geral da República), José Adonis Callou, deixou o cargo hoje. Ele estava há pouco mais de três meses na função.

Em seu lugar, o procurador-geral da República, Augusto Aras, que foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), colocou a procuradora Lindôra Araújo.

O procurador-geral também trouxe para grupo seu primo, Vladimir Aras, que atuou na Lava Jato, e Raquel Branquinho, que já atuava na área criminal da PGR — ambos são procuradores regionais.

Falta de independência é possível causa de saída

A Procuradoria não informou qual o motivo apontado por Adonis para deixar a função. Um apoiador de Aras afirmou ao UOL que o chefe do órgão prometeu liberdade para que ele atuasse. Como Adonis saiu em três meses, suspeita-se de algum tipo de interferência de Aras.

Outra fonte ouvida pela reportagem também acredita que Adonis tenha saído do cargo por não ter a independência para atuar da maneira prometida por Aras. Ontem, por exemplo, a PGR divulgou um parecer de Adonis que pedia que fossem desfeitas solturas realizadas pelo ministro do STF Gilmar Mendes na Operação Integração. Trata-se uma investigação derivada da Lava Jato e que apura fatos ligados ao ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB).

A reportagem não localizou Adonis para comentar sua saída.

Nova coordenadora participou da Operação Navalha

Lindora Araújo é subprocuradora-geral da República, último cargo da carreira. Ela e a procuradora Célia Regina Delgado participaram da Operação Navalha, que prendeu o dono da empreiteira Gautama, Zuleido Veras, em 2007.

Os procuradores regionais Raquel Branquinho e Vladimir Aras atuaram de perto com a Lava Jato nos últimos anos. Branquinho foi chefe da área criminal na gestão de Raquel Dodge, que foi sucedida por Augusto Aras.

Vladimir Aras foi secretário de Cooperação Internacional da PGR na gestão de Rodrigo Janot.

Segundo a PGR, o grupo de trabalho da Lava Jato está "coeso". "Todos os demais integrantes do grupo permanecem na equipe, o que demonstra coesão do grupo e garante a continuidade dos trabalhos planejados e executados nos últimos quatro meses", afirmou a assessoria do órgão.