Bolsonaro ignora inquérito da PF e diz que Wajngarten "está firme" no cargo
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que o secretário de Comunicação do Planalto, Fábio Wajngarten, "continua mais firme do que nunca" apesar do inquérito aberto pela Polícia Federal para investigá-lo por suspeita de crimes contra a administração pública.
Na versão do mandatário, não foi a PF que instaurou o procedimento apuratório. "O MP [Ministério Público] que pediu para que fosse investigado. É completamente diferente do que você [repórter] está falando. [Dessa forma] dá a entender que ele é um criminoso", disse ele ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã de hoje.
Bolsonaro reforçou a ideia de que, de acordo com o seu entendimento, o subordinado não cometeu qualquer ato ilícito. "Não é criminoso. Não vi nada que atente contra ele."
Wajngarten é pivô de uma crise instalada no Palácio do Planalto depois que a Folha de S.Paulo mostrou que ele é sócio de uma empresa, a FW Comunicação, que recebe dinheiro de emissoras de TV, entre elas Record e Band, e de agências contratadas pela própria Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), ministérios e estatais do governo Bolsonaro.
Na gestão dele, as clientes passaram a receber porcentuais maiores da verba de propaganda da secretaria.
O inquérito da PF, de fato, atende a pedido do MPF (Ministério Público Federal). O órgão solicitou a medida a fim de apurar se, ao manter contratos privados no exercício do cargo de secretário de Comunicação, Wajngarten cometeu os crimes de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos por agente público) e advocacia administrativa (patrocínio de interesses privados na administração pública).
A investigação ficará a cargo da Superintendência da PF em Brasília. O caso correrá em sigilo. A solicitação do MPF foi feita a partir de representações apresentadas por diversos cidadãos, com base em reportagens da Folha.
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