Bolsonaristas anunciam pedido de impeachment de Witzel por grampos na Alerj
Sete deputados bolsonaristas do PSL na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) protocolaram hoje um pedido de impeachment contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), por conta das suspeitas de uso de grampos ilegais para a elaboração de dossiês contra parlamentares da Casa Legislativa.
A iniciativa foi anunciada em plenário pelo deputado Dr. Serginho, líder do PSL na Alerj. Segundo ele, é preciso "investigação clara e rígida da intimidação do governo ao parlamento estadual". Ele também afirmou que o caso será denunciado à Polícia Federal e ao Ministério da Justiça. O caso envolvendo supostos grampos e dossiês foi remetido pelo presidente da Alerj, André Ceciliano (PT-RJ), ao MP-RJ (Ministério Público do Rio).
Além de Dr. Serginho, toda a bancada bolsonarista do PSL apoiou a medida. São coautores do pedido de impeachment os deputados Alana Passos, Anderson Moraes, Fernando Salema, Renato Zaca, Filippe Poubel e Márcio Gualberto.
Ontem, em sessão extraordinária, a Comissão de Segurança Pública da Alerj decidiu convocar o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Lucas Tristão, a prestar esclarecimentos. Ele é apontado pelos deputados como o articulador da elaboração de dossiês contra parlamentares.
A crise envolvendo os supostos grampos ilegais contra parlamentares começou no dia 8 de fevereiro, quando o presidente da Alerj publicou no Diário Oficial do Estado um pedido formal de esclarecimentos de Witzel a respeito das escutas ilegais.
Segundo ele, Tristão teria afirmado abertamente estar de posse de dossiês: "Vamos investigar o secretário Lucas Tristão, que disse que tem um dossiê contra os 70 deputados. Eu tenho testemunhas", afirmou Ceciliano em plenário na semana passada.
Como presidente da Alerj, Ceciliano tem a prerrogativa de decidir se dá seguimento ou arquiva o pedido de impeachment de Witzel. Em dezembro de 2018, a Assembleia chegou a abrir um processo semelhante contra Luiz Fernando Pezão (MDB), que havia sido preso dias antes. No entanto, o mandato do emedebista acabou antes o rito do processo tivesse sido definido.
A assessoria de Witzel afirmou, por meio de nota, que o pedido de impeachment é uma "uma manobra política, baseada em boatos infundados e que não condizem com os fatos".
"É pura irresponsabilidade política, num momento em que o estado do Rio de Janeiro e o país precisam de diálogo democrático, sobriedade e da união entre os Poderes para seguir avançando na redução da criminalidade e nos projetos de segurança pública, saúde, emprego e educação", disse a asessoria.
Bolsonaro como testemunha
Na fundamentação do pedido, os parlamentares acusam Witzel de estar obstruindo o trabalho do Poder Legislativo por meio de coação aos parlamentares.
Os parlamentares do PSL também acusam Witzel de utilizar o cargo para ter acesso a informações sensíveis e fazer vazamentos seletivos de informações sigilosas. Para isso, citam a polêmica envolvendo a divulgação de depoimentos de um porteiro do Condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) morava até assumir o cargo.
Por isso, arrolaram Bolsonaro como uma das cinco testemunhas indicadas durante o processo. Também foram sugeridos os depoimentos de Tristão, Ceciliano, do deputado Márcio Pacheco (PSC-RJ), líder do governo na Alerj, e do delegado Marcus Vinícius Braga, secretário de Polícia Civil.
Em duas oitivas, cujo teor foi divulgado pela TV Globo, o porteiro afirmou ter ouvido a voz de "seu Jair" ao pedir autorização para liberar a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz, um dos acusados pela morte da vereadora Marielle Franco, no dia do crime.
Segundo o MP-RJ, Élcio foi se encontrar com o policial reformado Ronnie Lessa, o outro acusado pelas mortes de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Eles deixaram o local para cometer o crime, segundo as investigações.
Perícias do MP-RJ e da Polícia Civil concluíram que a voz que autoriza a entrada de Élcio de Queiroz era de Ronnie Lessa, e não de Bolsonaro.
Witzel sempre negou acusação de Bolsonaro de manipulação e vazamento dessas investigações. O governador também ameaçou ir à Justiça contra o presidente em razão das declarações.
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