Bolsonaro evita imprensa em 1ª aparição pública após apoiar manifestações
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) evitou hoje a imprensa em Brasília no que foi a primeira aparição pública dele após apoiar manifestações marcadas para 15 de março que incluem o fechamento do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal).
Ele chegou ao Palácio da Alvorada por volta das 15h45 e parou na portaria do Palácio da Alvorada para falar com cerca de 15 simpatizantes. Enquanto falava com os apoiadores, o comboio de carros o acompanhava por questão de segurança e para que não precisasse se aproximar mais dos jornalistas presentes.
Questionado pela imprensa sobre o ato de repassar vídeos chamando as pessoas às ruas, que é visto por parte de parlamentares como crime de responsabilidade — o que pode resultar em impeachment —, a relação com o Congresso e sobre a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, Bolsonaro apenas acenou e não respondeu.
O PT deve entrar com pedido de impeachment contra Bolsonaro na volta do carnaval, afirmou hoje o líder do partido no Senado Federal, senador Rogério Carvalho (SE), ao UOL.
A decisão deve ser tomada até o início da semana que vem, quando o PT terá se reunido com mais partidos de oposição para definir quais medidas adotarão no retorno ao Congresso.
A intenção do líder do PT no Senado é reunir não apenas lideranças partidárias de esquerda, mas também de centro, com o objetivo de formar um grupo forte mais amplo, suprapartidário.
Mais cedo, ainda no Guarujá, onde passou o carnaval, Bolsonaro afirmou, pelas redes sociais, que o WhatsApp é utilizado por ele para fins pessoais e "qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República".
Nos bastidores, a ordem dentre os governistas e militares é não colocar mais lenha na fogueira na esperança de que o assunto seja arrefecido e não se desdobre em uma crise institucional de maiores proporções.
Os senadores líderes do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), ainda não se manifestaram em público.
Nos bastidores, eles tentam minimizar possíveis efeitos do ato de Bolsonaro e afirmam mirar o "terreno do bom senso", pois "quanto menos tumulto, melhor".
Dentre militares no Palácio do Planalto, a distribuição do vídeo pelo presidente tem sido vista como natural. O discurso é de que quem defende o governo não está necessariamente contra "o Congresso, o STF ou qualquer outra instituição da República".
Há entre os militares quem reconheça que a atitude do presidente é "impulsiva" e "típica do seu comportamento", mas tentam minimizar o desgaste e também evitar que as Forças Armadas sejam associadas ao episódio de forma equivocada.
Até o momento, dentre os presidentes dos demais Poderes, somente o da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) se manifestou, sem citar Bolsonaro nominalmente. Ele criticou o que chamou de "tensão institucional" e pediu "paz e responsabilidade" ao Brasil.
Antes de Maia, o apoio de Bolsonaro ao ato contra o Congresso foi criticado por nomes como Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Gilmar Mendes, entre outros.
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