Faixas ofendem político da China em embaixada, que chama ato de "palhaçada"
Dois dias após a polêmica criada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a "culpa" pelo coronavírus, faixas com ofensas foram colocadas em frente à Embaixada da China em Brasília. Os dizeres foram fincados em frente à unidade diplomática na tarde de sexta-feira (20). Houve uma filmagem e, depois, as faixas foram retiradas supostamente pela mesma pessoa, ainda não identificada.
O ministro conselheiro da Embaixada, Qu Yuhui, disse que suspeita que uma pessoa foi paga para fazer o serviço. "É uma palhaçada, né?", afirmou ele ao UOL na manhã deste sábado (21).
"A pessoa obviamente foi paga só para fazer um vídeo. Cumpriu a missão e saiu." Yuhui disse que a segurança da embaixada não teve tempo de identificar a pessoa que colocou as faixas.
Vídeos com as ofensas aos políticos chineses passaram a circular em redes sociais. Em um deles, feito a partir de um automóvel, um homem branco, de camisa amarela, boné escuro e calça creme filma duas faixas com palavrões em português e em inglês.
Nelas, o alvo é o presidente da China, Xi Jinping. Uma chama o coronavírus de "China virus" ou vírus da China. Outra utiliza um palavrão que militantes de extrema-direita passaram a difundir depois que um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), reclamou de uma reportagem da revista Veja.
Na quarta-feira (18), Eduardo Bolsonaro divulgou uma nota em rede social dizendo que a "culpa" do coronavírus era a China e seu governo, comandado pelo Partido Comunista Chinês. Fez comparação com o desastre de Chernobyl, na União Soviética, no século passado.
Em resposta, a Embaixada da China exigiu um pedido de desculpas e disse que o deputado sofria com um "vírus mental". Mas o chefe do Itamaraty, Ernesto Araújo, não pediu desculpas, e ainda exigiu que a embaixada chinesa, sim, se retratasse.
O presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato, cobrou que o presidente Jair Bolsonaro desmentisse o filho, sob pena de assumir que estava concordando com ele. Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), pediram desculpas aos chineses.
Ontem, Jair Bolsonaro disse que não pediria desculpas. No entanto, afirmou que o assunto era "página virada" e que a relação do país com os chineses era "muito boa".
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