Mourão diz ter ficado 'constrangido' em discussão entre Bolsonaro e Doria
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB-RS) admitiu ter ficado constrangido ao presenciar a discussão entre Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB-SP), durante videoconferência entre o presidente e governadores sobre o novo coronavírus.
Mourão, que estava ao lado de Bolsonaro, negou que tenha reprovado a reação do presidente. "O que me constrangeu foi a discussão levantada naquele momento. Seja pelo próprio governador, seja pelo presidente. Tudo aquilo poderia ter sido evitado e a gente podia ter se concentrado na busca pela solução dos problemas atuais", disse o vice-presidente à CNN Brasil.
O general ainda disse que a polêmica atrapalha e que os entes da federação deveriam deixar de lado suas "paixões políticas" neste momento. "Tem muito prefeito tomando atitude porque o candidato da oposição fala que ele não fez nada, aí o prefeito vai lá e toma uma atitude", denunciou, mas sem citar nomes.
Questionado se Doria e, mais ainda, Wilson Witzel (PSC-RJ) estariam se aproveitando politicamente do episódio, Mourão foi pragmático e disse que não comentaria essa situação porque não é seu papel, mas acrescentou que as disputas são "parte do jogo político".
"Desde o começo quis me apresentar como o escudo e a espada dele [Bolsonaro], então eu vejo a luta política como algo normal. Na profissão que eu exerci por 46 anos, eu não podia ser aplaudido, mas também não podia ser vaiado. Agora, a gente pode. Então eu vejo que isso faz parte do jogo político", afirmou.
Bolsonaro x Doria
Ontem, durante uma videoconferência para debater a crise causada pela covid-19, Bolsonaro chamou Doria de "leviano" e "demagogo" após o tucano afirmar que o presidente deveria "dar exemplo ao País e não dividir a nação em tempos de pandemia".
Bolsonaro também reclamou que Doria teria se apoderado do nome dele nas eleições de 2018 e depois "virou as costas", como todo mundo. "Se você não atrapalhar, o Brasil vai decolar e conseguir sair da crise. Saia do palanque", disse o presidente ao governador.
Doria rebateu dizendo que sua prioridade era salvar vidas. "Estamos preocupados com as vidas de brasileiros em nossos estados. Preservando também empregos e o mínimo que a economia possa se manter ativa. Os estados estão conscientes disso e governadores também".
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