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Bolsonaro fará novo pronunciamento em TV e rádio nesta terça, às 20h30

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em videoconferência - Marcos Corrêa/PR
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em videoconferência Imagem: Marcos Corrêa/PR

Do UOL, em São Paulo

31/03/2020 16h29

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vai realizar um pronunciamento na noite desta terça-feira, a partir de 20h30. De acordo com a Rede Nacional de Rádio, a duração da fala será de aproximadamente oito minutos. A transmissão será da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e será veiculada em rede aberta e redes sociais.

No último pronunciamento à nação, realizado há exatamente uma semana, o presidente voltou a chamar o coronavírus de "gripezinha", pediu que a população retomasse a rotina e questionou o motivo pelo qual as aulas foram suspensas. Ainda, acrescentou estar tranquilo caso seja contaminado pelo vírus por ter "histórico de atleta" e acusou a imprensa de provocar o pânico em torno da covid-19.

Durante o pronunciamento, Bolsonaro foi alvo de panelaços em diversas cidades. Mesmo divulgando ter apresentado dois resultados negativos para os testes de coronavírus, mais de 20 pessoas que estiveram na mesma comitiva que ele durante viagem aos Estados Unidos contraíram covid-19.

Bolsonaro contraria OMS

Na manhã de hoje, em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente distorceu uma entrevista do diretor-presidente da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, e insinuou que a entidade estaria alinhada às críticas ao isolamento social, medida necessária para combater o alastramento do coronavírus.

Ghebreyesus afirmou que os trabalhadores "precisam trabalhar para ter o pão de cada dia", acrescentando que os governos devem atuar para garantir que todos possam cumprir o isolamento social. Bolsonaro, ao retirar a frase inicial de contexto, disse que, Tedros, por ser africano, "sabe o que é passar dificuldade".

O objetivo do mandatário brasileiro é legitimar a tese de que a reclusão social, recomendada pelo Ministério da Saúde de seu próprio governo, deve ser flexibilizada, pois afeta a economia e pode levar a desemprego em massa.

Mais tarde, Ghebreyesus forneceu uma resposta direta em sua conta do Twitter, ainda que sem citar nomes. Ele escreveu que pessoas "sem salários regulares ou poupanças merecem políticas sociais que garantam dignidade e permitam a elas adotar medidas contra a covid-19 seguindo orientações de saúde da OMS e de autoridades locais".

Ainda, o diretor da OMS afirmou que, por ter crescido em meio à pobreza, ele entende a situação. "Peço aos países que desenvolvam políticas de proteção econômica a quem não pode receber ou mesmo trabalhar durante a pandemia de covid-19. Solidariedade."
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Ataques à imprensa

Ainda esta manhã, na mesma entrevista em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro incentivou que apoiadores adotassem atitudes hostis contra os jornalistas presentes. A imprensa recebeu ofensas e teve questionamentos interrompidos por apoiadores.

Diante da situação, os profissionais de mídia deixaram o local e foram ironizados pelo presidente, que questionou: "Mas vão abandonar o povo? Nunca vi isso, a imprensa que não gosta do povo."