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Lula cobra mais ações de indústria e banqueiros no combate ao coronavírus

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu mais ajuda de empresários no combate ao coronavírus - UOL
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu mais ajuda de empresários no combate ao coronavírus Imagem: UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/04/2020 19h34

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou hoje mais ação da indústria e dos banqueiros brasileiros no combate à pandemia do coronavírus no Brasil. O petista pediu que o país passe a produzir em massa os materiais necessários na luta contra a covid-19 e use isso como estratégia também para recuperar a economia por meio de exportações.

"Eu acho uma vergonha que esse país que já foi a sexta economia do mundo não tenha feito ainda uma política de reconversão industrial para produzir tudo o que a gente pode fazer. Cadê as Forças Armadas, elas têm mecanismos para isso, a indústria automobilística tem, a indústria têxtil tem, ou seja, tem muita gente que poderia estar produzindo não apenas o necessário para a gente utilizar, como também para suprir as deficiências da nossa economia exportando para outros países que não têm como fazer. Mas o Brasil não faz e a gente fica chorando 'porque a China não sei o quê'", disse o ex-presidente, em referência aos problemas recentes com materiais importados do país asiático.

O petista ainda direcionou críticas aos banqueiros do Brasil. "Cadê os grandes empresários, os banqueiros que ganharam dinheiro a vida inteira neste país? Qual é o gesto que eles fazem? O gesto é esfregar o Banco Central e fazer com que ele coloque R$ 1,3 trilhão para dar liquidez aos bancos para eles ficarem mais ricos e não emprestar para ninguém. A prioridade deveria ser garantir que os mais pobres pudessem pelo menos comprar uma cesta básica", afirmou.

Lula mais uma vez atacou o presidente Jair Bolsonaro, chamando de "inepto" e dizendo que o atual governante tem inveja de ministros e governadores por causa da atuação deles durante a pandemia.

"Eu falo à vontade porque perdi três eleições, e sempre fiz oposição democraticamente, mas um presidente da República que tem inveja dos seus ministros que ficam populares? Que tem inveja dos governadores que fazem uma coisa melhor do que ele? Um presidente da República que tem inveja de todo mundo que faz as coisas melhor do que ele porque ele não está preocupado em fazer nada de bem. Ele está preocupado em fazer fake news", afirmou o petista durante transmissão ao vivo na internet com os petistas Alexandre Padilha, deputado federal e ex-ministro da Saúde, Wellington Dias, governador do Piauí, e Paulo Pimenta, também deputado federal.

O ex-presidente também disse que Bolsonaro deveria seguir o exemplo do aliado Donald Trump, que mudou o discurso sobre a covid-19 no comando dos Estados Unidos.

"Eu não sei como ele ainda não fez um discurso dizendo 'agora que o Tio Trump assumiu o coronavírus eu também vou assumir' e colocar dinheiro no mercado. Nós estamos em uma guerra. Ele age como se estivesse na normalidade. Você acha que o presidente (Franklin) Roosevelt quando resolveu entrar na segunda guerra ficou discutindo a situação econômica na normalidade? Não. Ele tinha que fazer avião, fazer tanque, e fez", disse Lula.

O petista ainda questionou a ação da área econômica do governo federal. "O momento não é de discutir dívida, é de discutir salvar vidas. E somente a União tem direito de produzir recursos, de rodar a moedinha. Os americanos estão rodando moedinhas, os alemães estão rodando, os franceses estão rodando. E nós estamos tentando fazer ajuste fiscal em cima da pobreza e da miséria do povo", afirmou.

Lula citou também o ministro Paulo Guedes (Economia) nas críticas. "Nós estamos discutindo saídas econômicas como se estivéssemos em tempos de normalidade. O Guedes continua só falando nas reformas. Eu não sei como ele não disse ainda que só as reformas podem salvar o Brasil do coronavírus, ou vender a Petrobrás, a Caixa, o Banco do Brasil, o diabo... Quando fica claro que somente um estado forte, com poder de decisão, com coragem e decisões políticas, pode resolver o problema", disse.