Doria lamenta indireta de Bolsonaro a David Uip: 'politiza um tema grave'
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), rebateu a indireta de Jair Bolsonaro (sem partido) ao chefe do Centro de Contingência ao Coronavírus no Estado, David Uip, dizendo que o presidente da República está sempre querendo "politizar temas graves".
Mais cedo, Bolsonaro postou nas redes sociais um texto questionando, em suas palavras, "dois renomados médicos no Brasil que se recusaram a divulgar o que os curou da covid-19". O presidente defendia o uso da hidroxicloroquina no combate de infecções pelo novo coronavírus.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, João Doria saiu em defesa de David Uip. O médico não foi citado diretamente por Bolsonaro, mas se recuperou recentemente de um quadro de covid-19 e não respondeu se usou o medicamento.
"É lamentável ler e ouvir uma declaração como essa. O presidente da República insiste infelizmente em politizar um tema tão grave quanto essa crise de saúde, a mais grave da história do país. Insiste, coloca sempre na disputa política. Deveria, sim, ser colocado no âmbito técnico, do entendimento, e através do Ministério da Saúde", disse Doria.
"Eu não fico me manifestando sobre a cloroquina porque isso é função do time de médicos especialistas, cientistas, que atuam no governo de São Paulo e sabem o que fazer, recomendar, quando recomendar e a quem recomendar", completou.
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) os estudos disponíveis acerca da eficácia desses medicamentos ainda não são conclusivos e seu uso foi permitido nos casos graves de forma experimental, porque não há ainda tratamento específico conhecido para a doença.
Ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que está em estudo a autorização do uso da hidroxicloroquina e da cloroquina para pacientes com quadros leves da covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Médicos e pesquisadores em diferentes países têm estudado o uso da hidroxicloroquina e da cloroquina no tratamento a pacientes com o novo coronavírus. Segundo Doria, não existe nenhuma recomendação no Estado para evitar o uso dos medicamentos.
"Não há obviamente nenhuma orientação de que não se faça uso deste ou aquele medicamento, pode ser utilizado por recomendação médica. É a medicina que determina, não a vontade política do presidente, governador... Seguir especialistas em saúde", disse.
Exames de Bolsonaro
Vale lembrar que o próprio Bolsonaro é cobrado por não ter mostrado os resultados dos exames que, segundo ele, indicaram que ele não contraiu o novo coronavírus. O presidente realizou três exames para detectar o vírus depois que mais de 20 pessoas da comitiva que viajaram com ele para os Estados Unidos no início do mês passado contraíram a covid-19.
Na postagem de hoje, sem citar nomes, Bolsonaro escreveu: "Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do Governador de SP? Acredito que eles falem brevemente, pois esse segredo não combina com o Juramento de Hipócrates que fizeram. Que Deus ilumine esses dois profissionais, de modo que revelem para o mundo que existe um promissor remédio no Brasil".
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