Para Vitor Hugo, Mandetta agiu contra ética: "Ninguém é insubstituível"
O deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do governo na Câmara, criticou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e afirmou que "ninguém é insubstituível", após ser questionado no UOL Debate em relação à entrevista dada ontem (12) ao Fantástico, da TV Globo. "Acho que o ministro erra quando incita qualquer divergência com o presidente da República, que é o chefe dele", completou.
Na ocasião, o ministro afirmou que espera "uma fala unificada e o fim da dubiedade" —o que foi interpretado como indireta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Major Vitor Hugo participou ao lado de outros quatro parlamentares governistas do UOL Debate de hoje, mediado por Tales Faria, colunista do UOL (assista acima à integra da conversa).
Segundo Vitor Hugo, Bolsonaro tem visão do todo. "Acho que o presidente determina... Ele tem uma visão mais ampla de todo o problema porque vê diversas pastas. Cabe a ele fazer esse sopesamento, cabe ao ministro da Casa Civil. Mas o sopesamento das diversas vertentes da solução da crise. A crise sanitária é o carro chefe."
Para o líder do governo na Câmara, Mandetta precisa considerar isso ao propor soluções ao presidente. "Acho que os ministros, todos eles, incluindo aí o Mandetta, têm que procurar sopesar suas ações, balizar sua ações nas diretrizes do chefe maior, que é o presidente."
"Por isso que, a despeito do trabalho que o Mandetta vinha fazendo no início, quando o alinhamento estava mais claro, causa preocupação ver um ministro de Estado expondo divergências. Ele poderia até discordar, mas de maneira privada. Tentar convencer o presidente, mostrar argumentos, propor soluções já sopesadas, soluções que interajam com as outras vertentes, de modo especial a econômica."
Vitor Hugo disse que Mandetta agiu contra a ética. "Mas fazer isso de maneira isolada e dando a entender que está criticando a atitude do presidente, na minha visão, não é uma atitude correta e ética."
O líder usou verbos no passado para se referir ao ministro da Saúde. "Ele fez um grande trabalho, de modo especial no começo, para esclarecer, para preparar, mas acho que, como o próprio presidente falou, ninguém é insubstituível."
Depois que Vítor Hugo falou, a deputada Carla Zambeli mudou de posição. No debate, ela se uniu ao líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e ao ex-ministro Osmar Terra (MDB-RS) na defesa de que era preciso minimizar declarações de Mandetta e de disputas com ele, mantendo o foco no combate ao vírus e aos efeitos econômicos da pandemia.
Mas, quando Vítor Hugo disse que o ministro da Saúde poderia ser trocado, Carla Zambelli pediu para "ajudá-lo". E afirmou que a demissão de Mandetta teria menos prejuízos à imagem de Bolsonaro agora do que se fosse feita há uma semana.
"Acho que seria desgastante para o governo ele fazer uma demissão na semana passada. Se ela acontecesse hoje, depois do que ele fez ontem [a entrevista], acho que a população [aceitaria]", disse.
Vitor Hugo, que é conhecido como um dos deputados mais próximos de Bolsonaro, se absteve de fazer avaliações sobre a permanência de Mandetta no cargo, mas acrescentou que confia "no presidente e sei que ele vai tomar a melhor decisão no momento certo, de maneira a não prejudicar a população".
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