Procuradores lamentam queda de Moro; direção da ANPR vê crime de Bolsonaro
Resumo da notícia
- Membros do Ministério Público lamentam queda de Moro e que sua saída agrava a crise do país
- O presidente da ANPR, Fábio George, ao analisar a fala de Moro viu crime de responsabilidade de Bolsonaro na demissão do ex-diretor-geral da PF
- Procurador que integrou a Lava Jato disse que Bolsonaro não tem palavra
Membros do Ministério Público Federal lamentaram a saída do ex-juiz federal Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça, após pouco menos de 17 meses na função. O presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), após analisar a fala de Moro, declarou que há indícios de crime de Bolsonaro no episódio da demissão do ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.
Para os procuradores da República, a queda de Moro aprofunda a crise vivida no país que já enfrenta a pandemia do coronavírus e seus efeitos na economia e diminui as esperanças de que o governo Bolsonaro tenha compromisso com um efetivo combate à corrupção.
O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, procurador da República Deltan Dallagnol, publicou no Twitter que a denúncia de Moro de interferência de Bolsonaro na PF é "gravíssima".
Declarações graves e crime
O presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), Fábio George Cruz da Nóbrega, disse serem "muito graves as declarações apresentadas pelo agora ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro".
Para Nóbrega, o discurso de saída do ex-ministro, sinaliza "a ocorrência de crime de falsidade ideológica de responsabilidade do presidente da República, na assinatura de ato inexistente de exoneração a pedido do diretor-geral da PF, bem como de crime de responsabilidade, na tentativa de interferência na regularidade de investigações. Ambas as ocorrências precisam ser devidamente apuradas".
Amplia crise
No Instagram, a procuradora regional da República na 4ª Região (Porto Alegre), Thaméa Danelon, fez ontem à noite uma análise sobre a eventual queda de Moro, que então se aproximava.
Segundo ela, "Sergio Moro trouxe a bagagem da Lava Jato. Era técnico, profissional, estudioso, e vinha fazendo um trabalho espetacular no MJ com queda nos sequestros e homicídios. A queda não será boa para o governo, pois trará mais instabilidade, Será uma nova crise, pois já temos a econômica e o coronavírus", disse.
Após a confirmação da demissão de Moro, Thaméa foi ao Twitter e ironizou a decisão do presidente que levou à saída do ministro: "a criminalidade comemora".
Promotores agradecem Moro
A Conamp (Associação Nacional de Membros do Ministério Pùblico), que representa mais de 16.000 membros do Ministério Público em todo o País, divulgou nota assinada pelo presidente do órgão, Manoel Murrieta, para manifestar "reconhecimento ao trabalho desempenhado pelo ministro Sérgio Moro (...) especialmente à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, onde sua dedicação aos temas de combate à corrupção e a criminalidade grave sempre esteve viva".
Para o procurador do Ministério Público de Contas Julio Marcelo de Oliveira, que atua junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), "Moro saiu do governo como entrou. Íntegro, correto, leal ao país. Um gigante que sempre se colocou a serviço do Brasil".
Hora de repensar esperanças
Para o procurador da República Fernando Rocha, Chefe do Núcleo de Combate à Corrupção do MPF-RN, a saída de Moro é uma "grande perda". "Se havia esperança que o governo tinha compromisso efetivo contra a corrupção, está na hora de repensarmos", escreveu em seu Twitter.
O ex-procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, ex-integrante da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba disse ao Congresso em Foco ontem que "Bolsonaro não tem palavra" e que Moro deveria sair.
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