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Filhos de Bolsonaro nervosos por quê?, pergunta líder de CPI das fake news

Do UOL, em São Paulo e Brasília

29/04/2020 11h27

O presidente da CPI mista das Fake News, senador Angelo Coronel (PSD-BA) criticou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por tentar frear as apurações da comissão. O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal, que está a cargo do ministro Gilmar Mendes.

Em entrevista à jornalista e colunista do UOL Constança Rezende, o senador disse ver isso como uma "vulnerabilidade".

"É aquele provérbio popular: quem não deve não teme. A partir do momento que entra no STF para acabar com a CPI, está com algum receio de a CPI chegar a algo que possa comprometer. Tudo isso estamos na fase das suposições", afirmou.

Ele criticou a medida judicial tomada pelo filho de Bolsonaro. "É um desserviço à nação", afirmou Angelo Coronel que explicou que as investigações não se voltam apenas para o núcleo bolsonarista.

"Eu quero que a CPI, independentemente da linha política... nós estamos em quatro linhas de investigações. Se está incomodando a questão das eleições 2018 o clã bolsonarista, temos outras frentes que precisam ser protegidas. Uma mulher foi morta no Guarujá porque diziam que ela fazia magia negra. Era fake news. A partir do momento em que o Eduardo (Bolsonaro) entra na Justiça para suspender os trabalhos da CPI, é um desserviço à nação."

No mês passado, o UOL revelou que uma quebra de sigilo determinada pela CPI mostrou que umas páginas utilizadas para ataques virtuais e para estimular o ódio. A CPI identificou que a ação era movida contra supostos adversários do presidente registrada a partir de um telefone e um email utilizados pelo secretário parlamentar do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Eduardo Guimarães.

Senador lamenta críticas de Carlos Bolsonaro

Além de Eduardo, a comissão está com tom "aguçado" após posicionamentos contrários ao trabalho do grupo de Carlos Bolsonaro. "Carlos até a semana passada não atacava a CPI, sábado descarregou veneno, me chamando de vagabundo, depreciou a CPI. Me deixa curioso: por que esse pessoal está tão nervoso? Me deixa curioso", disse Angelo Coronel.

"Não acredito que vá comprometer a eleição de 2018, porque acho que é um problema do TSE, mas quero que as próximas eleições sejam feitas com tranquilidade. Vete mensagens em massa, disparos em massa para depreciar candidatos. Não é a CPI que vai cassar o presidente", complementou.

Apesar disso, o senador entende que a CPI não vai resultar em cassação de políticos por causa das últimas eleições. "Essa é um problema do TSE. Não é a CPI que vai cassar o presidente."

O parlamentar também disse hoje que técnicos obtiveram CPF de pessoas mortas para criar contas que faziam disparos em massa.

Moro cometeu corrupção e prevaricação, diz senador

A CPI tem 165 requerimentos de convocação de pessoas, incluindo o do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, e cerca de 60 de quebras de sigilo bancário e de comunicações.

Segundo Coronel, Moro disse que pediu uma pensão à sua família para assumir o cargo, mesmo não havendo previsão para isso. E o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nada disse a respeito disso. O ex-ministro teria cometido corrupção e prevaricação.

"A partir do momento que ele diz que o presidente pedia informações de inquéritos sigilosos, não fornecia, mas não denunciou o presidente, ele cometeu o crime de prevaricação", iniciou o senador.

"A partir do momento que ele manter uma pensão em caso de morte, corrupção passiva. A partir do momento que o presidente não negou, é corrupção ativa do presidente da República. Nesse depoimento houve vários crimes cometidos de menor e maior monte, que precisam ser esclarecidos, dele e do presidente."

Temor do governo aumenta interesse em investigar receio do Planalto

A CPI foi prorrogada apesar das pressões do governo. Eduardo Bolsonaro foi ao Supremo Tribunal Federal tentar barrar a continuidade das apurações.

Segundo Coronel, o deputado " fez um desserviço à nação" porque as investigações não se voltam apenas para o núcleo bolsonarista.

"Eu quero que a CPI, independentemente da linha política... nós estamos em quatro linhas de investigações. Se está incomodando a questão das eleições 2018 o clã bolsonarista, temos outras frentes que precisam ser protegidas. Uma mulher foi morta no Guarujá porque diziam que ela fazia magia negra. Era fake news. A partir do momento em que o Eduardo (Bolsonaro) entra na Justiça para suspender os trabalhos da CPI, é um desserviço à nação"

Segundo ele, esse "medo" instiga os parlamentares a investigarem mais. "Tudo isso está na fase de suposições, mas, a partir do momento que entra, quero ratificar: Tá tendo medo de alguma coisa. Não é essa necessidade de terminar a CPI. Não é para investigar pessoas, mas, para fatos que estão ocorrendo no Brasil, existem fakes contra vacinas, coronavírus, mas eles estão só deslumbrando o fake na questão presidente da República."

Telefones tinham chips do Uruguai, diz senador

Segundo Coronel, para disparar mensagens em massa de WhatsApp com desinformação e discursos de ódio, foram usados chips do Uruguai e da Flórida, nos EUA, para fazer disparos em massa. O UOL revelou em janeiro que os dados em poder da CPI mostravam chips também da Inglaterra e Vietnã, apesar de eles serem operados dentro do Brasil.