Covid-19: AM abre ação de impeachment contra governador por gestão da crise
Após ser questionado sobre as medidas de enfrentamento à covid-19 por órgãos de controle estaduais e pela Procuradoria-Geral da República, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), se tornou alvo de um pedido de impeachment que passou a tramitar nesta quinta-feira na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas).
O pedido foi apresentado pelo presidente e pela vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Viana e Patrícia Sicchar e aceito pelo presidente da ALE-AM, Josué Neto (PRTB).
Os dois médicos acusam o governador e o vice-governador e chefe da Casa Civil do Governo do Amazonas, Carlos Almeida Filho (PTB), de desvio de finalidades e má aplicação de verbas públicas, demora na tomada de ações decisivas e de adoção de medidas erradas em relação à administração da saúde, o que, para eles, coloca em risco a vida dos amazonenses na pandemia do novo coronavírus.
O pedido atesta que ações do governo desde 2019 impulsionaram a desorganização do sistema de saúde, e durante a crise tornaram caótico o atendimento aos pacientes da covid-19.
O Amazonas tem a maior taxa de incidência da doença no país e está com o sistema de saúde colapsado, sendo que a previsão do governo é que o pico da doença deve ocorrer na primeira quinzena de maio.
Nesta quinta-feira, dia 30, estado bateu seu recorde de número de mortes em registros oficiais. Em 24 horas foram 45 óbitos. O registro oficial do total de mortes por covid é de 425 desde o dia 13 de março, quando o primeiro caso foi registrado.
O presidente da ALE-AM, Josué Neto, ao comunicar durante a sessão virtual da ALE-AM que aceitaria autorizar a tramitação do pedido de impeachment disse que fazia isso para ser imparcial.
"Vivemos a maior tragédia humanitária do nosso estado. A única forma de demonstrar imparcialidade é não favorecendo quem quer que seja e quem vai tomar a decisão não é uma pessoa, mas toda a casa (poder legislativo) e, em última instância, a sociedade do Amazonas", declarou.
O Governo do Amazonas emitiu nota na tarde desta quinta-feira sobre o início da tramitação do pedido de impedimento e disse que a decisão, além de não ter fundamento, está contaminada por "questões eleitorais".
Após a aceitação do presidente da ALE-AM, que também poderia ter decidido arquivar o pedido, o mesmo será analisado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da ALE-AM. Caso a CCJ, decida que o pedido deve continuar a tramitar será criada uma comissão especial de análise composta por cinco deputados, cinco desembargadores e presidida pelo presidente do TJ-AM. Esta comissão irá apresentar um parecer ao plenário da ALE-AM.
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