Bolsonaro diz condenar violência, mas fala em infiltrados e critica Globo
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, em post no Facebook, que condena a violência nas agressões ocorridas ontem a profissionais do jornal O Estado de S. Paulo durante atos a seu favor em Brasília. Porém, ele falou em "possíveis infiltrados" e fez críticas à TV Globo, além de mais cedo ter compartilhado um post em que, entre as imagens de fundo de uma narração, aparece a palavra "imprensa suja" em meio à representação de uma forca.
Escrevendo em tópicos, o presidente citou especificamente a cobertura do Fantástico, da TV Globo, sobre a manifestação, dizendo que houve ataques a ele pela agressão ao fotógrafo Dida Sampaio. O motorista do jornal Marcos Pereira também foi agredido durante o ato.
"A TV Globo no Fantástico de ontem se dedicou a ataques ao Presidente Jair Bolsonaro, pelo fato de um fotógrafo do Jornal O Estado de SP ter sido agredido por alguns possíveis infiltrados na pacífica manifestação. Também condenamos a violência. Contudo, não vi tal ato, pois estava nos limites do Palácio do Planalto e apenas assisti a alegria de um povo que, espontaneamente, defendia um Governo eleito, a democracia e a liberdade", disse.
Depois, em conversa com apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, Bolsonaro colocou em dúvida se houve agressão, apesar de a violência ter sido filmada. "Teria havido uma agressão. Não sei, não sei. (...) Ontem parece que houve uma agressão. Eu não vi nada, estava na rampa dentro do Palácio do Planalto", disse.
No post, Bolsonaro ainda comparou a agressão sofrida por repórteres e fotojornalistas que cobriam a manifestação - que teve entre suas bandeiras ataques ao Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) - à atuação da polícia no cumprimento de ações determinadas por autoridades locais para garantir o isolamento social durante a pandemia de coronavirus.
"Agora não vi, em dias anteriores a TV Globo sair em defesa de uma senhora e filha que foram colocadas a força dentro de um camburão por estarem nadando em Copacabana, outra ser algemada por estar numa praça em Araraquara/SP ou um trabalhador também ser algemado e conduzido brutalmente para uma DP no Piauí. A maior violência que o povo sofre no Brasil é aquela contra seus direitos fundamentais, com o apoio ou omissão da Rede Globo", escreveu.
Autoridades locais fecharam praias, praças e parques para garantir o distanciamento social —criticado por Bolsonaro, mas preconizado pela Organização Mundial de Saúde como ferramenta fundamental para frear a disseminação do coronavírus. Já a atividade jornalística foi considerada essencial durante a pandemia em decreto editado pelo presidente.
Logo pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou um vídeo em que, na imagem de fundo, aparece a expressão imprensa suja, com um laço representando uma forca nas letras "en". Não fica clara a autoria da montagem feita para compor a narração de um economista falando sobre a pandemia do novo coronavírus.
Na legenda do vídeo, Bolsonaro escreveu "A vida é tudo. Mas, pode-se viver sem trabalho, saúde, alimento...", reafirmando sua posição crítica ao isolamento social como forma de evitar a disseminação do novo coronavírus.
Agressões à imprensa
Ontem, durante manifestações a favor do presidente, dois profissionais do jornal 'O Estado de S. Paulo' foram agredidos. Segundo o relato, o fotógrafo Dida Sampaio foi empurrado duas vezes por manifestantes, que desferiram chutes e murros nele. Já o motorista do jornal Marcos Pereira foi agredido fisicamente com uma rasteira.
O incidente gerou reação de diversos setores da sociedade. Ministros do STF que se manifestaram disseram que agressão a jornalistas ofende a Constituição e democracia. Já o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o Brasil luta contra coronavírus e vírus do extremismo.
Na sexta-feira, durante o feriado do Dia do Trabalho, profissionais de saúde que faziam um ato em Brasília para chamar atenção para a morte de colegas que morreram no combate à pandemia, também foram agredidos fisicamente por apoiadores de Bolsonaro.
*Com informações da agência Reuters
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