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Número 3 da Abin cresce entre os cotados para ser o novo diretor da PF

Rolando Alexandre de Souza, delegado dos quadros da Abin - Reprodução/Globo
Rolando Alexandre de Souza, delegado dos quadros da Abin Imagem: Reprodução/Globo

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

04/05/2020 00h01

O número 3 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), delegado Rolando Alexandre de Souza, cresceu entre cotados para novo diretor da Polícia Federal (PF). Após a demissão do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, o delegado da PF e chefe da Abin Alexandre Ramagem foi indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas teve a posse suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Souza é próximo de Ramagem. Além dele, ainda correm na disputa Delano Cerqueira Bunn, que foi chefe de Ramagem na Diretoria de Gestão de Pessoal da PF, e o chefe da segurança do STF, Paulo Gustavo Maiurino.

Os corredores da PF e os grupos de WhatsApp de agentes e delegados também não descartam Alexandre Saraiva, superintendente da corporação no Amazonas, e um dos personagens que detonou a crise com Moro, ainda em agosto de 2019. Apuração da Folha de S.Paulo, em reportagem publicada ontem, aponta até mesmo uma nova indicação de Ramagem.

Neste domingo (3), Bolsonaro afirmou que nomeará o novo diretor hoje.

Delegado é visto como competente na PF

A aposta sobre Rolando cresceu entre policiais ouvidos pelo UOL, porque, com Ramagem impedido de assumir pela Justiça, só restaria um mandato-tampão. E, para assumir essa tarefa, a função só seria aceita por Souza, que já trabalha com Ramagem.

O cotado tem dito a colegas que prefere não se manifestar e que essa decisão será feita, nos últimos momentos, pelo presidente da República.

Outro fator que fez crescer o nome de Souza foi seu histórico na corporação. Apesar de não estar entre os mais experientes na casa, foi ele quem "desenrolou" o banco de dados Atlas, que reúne informações estratégicas para facilitar investigações da PF, narrou um amigo.

Segundo um delegado e um perito, o delegado é muito pró-ativo e poderia fazer uma boa gestão, mesmo porque já chefiou a unidade regional de Alagoas.

Além disso, Souza liderou o setor de repressão a desvios de dinheiro público na sede da PF em Brasília. Isso o tornou conhecido de todos, o que desperta confiança, avalia um amigo. E também pacificaria a polícia, num momento de tensão e desconfiança de que Bolsonaro age para interferir em investigações e obter informações estratégicas indevidamente, como denunciou Moro à própria polícia.

Os demais cotados

Delano Bunn, que foi chefe de Ramagem, também seria uma opção interessante, avaliam as fontes consultadas pelo UOL. A desvantagem seria fazer parte da direção montada por Maurício Valeixo, demitido por Bolsonaro a contragosto de Moro. Isso poderia minar suas chances.

Do outro lado da balança, a confiança que Bunn tem dos colegas e a proximidade com Ramagem pesariam a seu favor.

Já Maiurino poderia ser a solução "salomônica" de Bolsonaro. Chefe da segurança do STF, presidido pelo ministro Dias Toffoli, ele poderia arrefecer os ânimos após as declarações do presidente contra o ministro Alexandre de Moraes, que deu a liminar suspendendo a posse de Ramagem.

Por fim, Alexandre Silva Saraiva conta a simpatia da família Bolsonaro. Chefe da PF no Amazonas, ele se destaca por priorizar ações de combate a crimes ambientais. Saraiva tem experiência em fronteira e já deu declarações a favor de um modelo de polícia defendido por agentes e escrivães — um dos filhos do presidente é escrivão da PF.

Em agosto de 2019, o presidente disse que Saraiva se tornaria chefe da PF no Rio de Janeiro no lugar de Ricardo Saadi. Isso irritou Moro e Valeixo, que argumentaram com Bolsonaro sobre outro nome. Como essa relação de proximidade foi o o problema da nomeação de Ramagem, a dúvida dos delegados, agentes e peritos é se o presidente aceitaria comprar outra briga com a Justiça.