Lula critica Bolsonaro e Trump e pede reunião da ONU para combater covid-19
Em encontro virtual do Grupo de Puebla, fórum de políticos da ala da esquerda progressista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas aos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), e dos Estados Unidos, Donald Trump, pelas iniciativas dos dois países no combate à pandemia do novo coronavírus, e os consequentes impactos econômicos causados pela covid-19.
"O Trump não tem direito de inventar remédio. O Bolsonaro, aqui no Brasil, não tem direito de inventar remédio. Eles não podem exigir que as pessoas voltem ao trabalho sem dar garantia de vida às pessoas, e nós precisamos discutir que mundo nós queremos depois da pandemia", criticou.
"O mundo não tem mais dirigentes políticos. Tem comissões de burocratas que determinam as coisas que vão acontecer. É por isso que o Trump faz o que quer, determina o que quer. É por isso que, aqui no Brasil, o Bolsonaro não respeita corte superior, não respeita Senado, não respeita Câmara, não respeita sindicato, não respeita negro, não respeita índio, não respeita política ambiental. Nós estamos vivendo um período de anormalidade e precisamos tomar algumas atitudes. Precisamos discutir qual é o papel do estado ao fim do coronavírus. Será o estado privatizado, em que o mercado pode tudo?", acrescentou.
Em sua participação, Lula pediu ainda que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, organize uma reunião com os países para discutir a pandemia do coronavírus "com mais seriedade". A ideia, segundo o ex-presidente, seria debater com Organização Mundial do Comércio, Organização Mundial da Saúde, Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial os reflexos da crise.
"Era importante que tomássemos uma decisão para exigir que os países no mundo inteiro, mas sobretudo que pelo menos o G-20, se reunisse, e que a ONU pudesse convocar uma reunião. O secretário-geral da ONU convocasse, ou pelo mnos propusesse. E que participassem Organização Mundial do Comércio, Organização Mundial da Saúde, FMI e Banco Mundial", disse Lula.
"A saúde é uma coisa extremamente grave, e nós praticamente nunca discutimos isso em uma reunião multilateral. Me parece que é um assunto que não interessa ao mundo. Um assunto da gravidade que já matou 303 mil pessoas — e o campeão das mortes é o pais mais rico do mundo, os Estados UNidos, em uma demonstração que o (ex-presidente Barack) Obama tinha razão ao colocar a saúde como prioridade."
Lula ainda pediu que o FMI empreste dinheiro a juros baixos para que países pobres combatam o impacto econômico do coronavírus. E defendeu o papel do estado no combate a situações de crise.
"O presidente Trump anuncia que vai deixar de contirubir com a OMS e fica por isso mesmo. Não há uma reunião, uma convocação, uma rebeldia dos outros países para que o Trump assuma a responsabilidade de continuar contribuindo com a OMS, que é quem tem dado orientação para o resto do mundo", declarou.
"Desde (Ronald) Reagan (presidente dos EUA entre 1981 e 1989) e Margaret Thatchet (primeira-ministra do Reuno Unido entre 1979 e 1990) que o mercado dominou as iniciativas políticas no mundo. Nas crises de 2008 e 2009, foi o estado quem resolveu. E está provado, na pandemia, que é o estado que resolve. Acho que nós precisamos fazer um novo debate no mundo para deixar claro que somente um estado forte, democrático, com força diante do capital pode determinar políticas públicas."
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