Bolsonaro muda tom em reunião com governadores; Doria pede paz contra crise
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) adotou um tom moderado e conciliador em videoconferência com os governadores de estado para discutir a ajuda financeira aos estados frente à pandemia do novo coronavírus.
Pouco antes do encontro, em conversa com apoiadores, o presidente criticou governadores, sem citar nomes, e disse que a população vai ter que "sentir na pele quem são essas pessoas".
Bolsonaro afirmou que o motivo da reunião era um "esforço" para mitigar problemas e atingir os que estão sendo afetados pela crise provocada pela pandemia e ao lado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), falou em "trabalho conjunto" e que sancionará o projeto que libera socorro financeiro de R$ 60 bilhões a estados e municípios.
Doria pede paz
Ao contrário do que tem acontecido desde o início da pandemia, Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foram cordiais um com o outro durante a reunião. O tucano pediu "paz" contra a crise e elogiou o presidente pela forma como conduziu o encontro.
"Quero exaltar e cumprimentar a forma como essa reunião está sendo conduzida. O Brasil precisa estar unido. O nosso foco é exatamente esse, proteger o brasileiro em todo o Brasil. A guerra coloca todos em derrota. Ninguém ganha em uma guerra e quem perde são os mais humildes. Fico feliz, presidente, por todas as intervenções. Vamos em paz, presidente, vamos pelo Brasil e vamos juntos. É o melhor caminho de vencermos a pandemia", disse o governador numa rápida intervenção.
Bolsonaro, por sua vez, agradeceu Doria pelas palavras e o parabenizou pela posição. Em entrevista à rádio Bandeirantes após o término da reunião, o tucano se disse feliz com o resultado da conferência e afirmou que o presidente foi "sereno".
"Fiquei feliz com o resultado da reunião, percebi o Congresso Nacional expresso sentimento com muita clareza por Alcolumbre e Maia. O presidente da República Jair Bolsonaro foi sereno, objetivo, foi contributivo no começo e no fim da reunião. O Brasil está em paz para cuidar da pandemia. Estamos prontos para ajudar os brasileiros."
Bolsonaro x Doria
Desde o início da pandemia, os dois, apontados como possíveis candidatos à Presidência da República em 2022, têm mantido uma relação conflituosa devido a divergências no enfrentamento à covid-19, com troca constante de farpas e acusações.
No dia 14 de maio, depois que o presidente disse durante uma reunião com um grupo empresários que "um homem está decidindo o futuro de São Paulo" e que os empresários "têm que jogar pesado", o tucano pediu que Bolsonaro saísse da "bolha do ódio" e começasse "a ser um líder".
Bolsonaro, por sua vez, já disse mais de uma vez, sem apresentar provas, que o governo de São Paulo tem inflado o número de mortes provocadas pela pandemia para "uso político" de Doria. O estado, em quarentena desde o dia 24 de março, é o epicentro do novo coronavírus no país, com 5.363 mortes e 69.859 casos confirmados.
Casagrande pede coordenação para "evitar crise política"
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), pediu que Bolsonaro coordene o enfrentamento à pandemia e disse que é preciso evitar atritos que levem o país a uma crise política.
"Sabemos que não é só o atendimento de saúde que salva vidas, é o atendimento de saúde, disciplina nossa, isolamento, distanciamento. Tudo isso ajuda a salvar vidas. O que nós não precisamos de crise política. Já estamos vivendo três crises, não precisamos de crise política", disse.
Governadores pedem pressa
Entre mais governadores presentes à videoconferência da hoje, a aprovação do socorro a estados e municípios foi celebrado. Foi o caso de Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte.
"A reunião foi uma reunião importante, se deu num clima institucional muito respeitoso", disse, em entrevista à CNN Brasil. "Os governadores, naturalmente, (estavam) muito angustiados, porque lá se vão mais de 10 dias da aprovação do projeto de lei de auxílio aos estados e municípios, sem que tivéssemos uma posição concreta do presidente da República de sanção ao projeto. E isso hoje aconteceu."
A representante potiguar, no entanto, destacou a urgência no pagamento do auxílio. "O que esperamos agora é passar da palavra à atitude", disse Bezerra. "E que tenhamos a chegada desses recursos o mais rápido possível a nossos estados e municípios. Isso é um dever do governo federal, não pode ser visto como uma benesse. Não é para governador A, B ou C; é para a população", acrescentou.
Rui Costa (PT), da Bahia, descreveu a reunião como "rápida, mas positiva", e reforçou "o desejo dos 27 governadores do Brasil, que é que o Brasil busque a união de todos" no combate à pandemia do coronavírus e ao impacto da covid-19 na economia.
"Este não é o momento de guerra, de disputa política, partidária, ou mesmo eleitoral, mesmo estando em ano eleitoral. E a reunião saiu com essa sinalização que eu espero que se mantenha nos próximos dias, até o fim dessa pandemia, para que possamos traçar estratégias comuns, como outras nações do mundo estão fazendo", explicou Costa.
Por sua vez, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, afirmou que a ajuda é bem-vinda, mas não tapará todo o buraco na arrecadação do estado.
"Essa ajuda do governo federal será muito bem-vinda, apesar de arcar com apenas cerca de 40% da perda que tivemos com o ICMS. Mas não deixa de ser uma ajuda muito importante", disse, também pedindo celeridade no pagamento.
"O que nós pedimos é que ela venha o quanto antes, se possível ainda que a primeira parcela venha ainda neste mês de maio, porque temos enfrentado muitas dificuldades", completou.
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