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General Heleno diz que "esquerda radical tem síndrome de golpe"

Ministro general Augusto Heleno  -  Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Ministro general Augusto Heleno Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

24/05/2020 14h42

O general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), agradeceu aos militares da reserva, que também são seus ex-colegas na turma de 1971 da Academia Militar das Agulhas Negras, por escreverem uma carta em apoio as declarações dele na semana passada, que foram interpretadas como golpistas.

O ministro argumentou que não fez qualquer menção a intervenção armada. "A esquerda radical tem síndrome de golpe", escreveu.

Na sexta-feira, o ministro afirmou que é uma afronta o STF (Supremo Tribunal Federal) solicitar parecer do Ministério Público Federal sobre um pedido de apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).Muitas instituições entenderam a declaração anterior do general Heleno como uma ameaça golpista por ele ter mencionado que haveria "consequências imprevisíveis" caso o presidente fosse obrigado a entregar o celular. As palavras do ministro foram uma reação a uma notícia-crime enviada ao STF pelo PSB, PV e PDT que incluía pedido de o celular do presidente e de seu filho Carlos Bolsonaro serem periciados.

O ministro Celso de Mello, do STF, encaminhou a petição dos partidos ao Ministério Público Federal, pois cabe ao MP, como titular da ação penal, definir as diligências necessárias para a investigação. A atitude irritou o general Heleno que enviou uma nota dura com expressões como classificar a medida uma "afronta à autoridade máxima do Poder Executivo".

Militares que hoje estão na reserva e estudaram com o general Heleno publicaram uma carta na manhã deste domingo apoiando o ex-colega de turma e criticando o STF. No texto, eles fazem menção até mesmo para a possibilidade de guerra civil.

A carta dos companheiros de classe do ministro usa expressões como "alto lá, 'ministros' do STF!". Eles ainda desqualificam integrantes do Supremo Tribunal Federal por terem carreira na advocacia e não magistratura.

Em um trecho da carta, os militares da reserva defendem o presidente Jair Bolsonaro e dizem que tem percebidos "as sucessivas arbitrariedades, que beiram a ilegalidade e a desonestidade, praticadas por este bando de apadrinhados que foram alçados à condição de ministros do STF, a maioria sem que tivesse sequer logrado aprovação em concurso de juiz de primeira instância."

Horas mais tarde, o ministro do GSI agradeceu as palavras em postagem no Twitter e justificou que seu posicionamento não teve viés golpista. Ele disse que não citou a FA [Forças Armadas]. Ao mencionar o art 142, se referia ao artigo 142, que é o artigo da Constituição que, no entendimento de bolsonarista, serviria de argumento para o presidente fechar o Congresso Nacional e o STF.

Estes bolsonarista pedem "intervenção militar com Bolsonaro no poder". Neste domingo, o presidente Jair Bolsonaro participou de uma manifestação em seu apoio. Ele também fez uma postagem no Twitter com um trecho da lei de abuso de autoridade que foi interpretada como uma ameaça ao STF.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Versão anterior do texto dizia que Celso de Mello enviou a petição que pede a perícia no celular do presidente Bolsonaro cumprindo burocracia. A informação é incorreta. Cabe ao MPF analisar solicitações de diligências, pois o ministério público é o titular da ação penal e define quais medidas investigatórias devem ser realizadas.