'Diretor-geral da PF precisa ter mandato', defende presidente de sindicato
A presidente do sindicato dos delegados da Polícia Federal, Tânia Prado, defende que o diretor-geral da instituição deveria ter mandato para garantir a continuidade de seu trabalho.
"Não dá para um diretor-geral entrar sem saber até quando vai ficar, seja porque não investigou alguém ou porque uma investigação atingiu alguém próximo do presidente", disse, em participação no UOL Debate.
Ela continuou: "O diretor-geral precisa ter um mandato de dois a três anos anos como tem o PGR [Procuradoria-Geral da República]. A gente percebe problemas [quando há] troca em períodos muito curtos. Se o presidente quiser, como fez na [pasta da] Saúde, pode trocar".
Perguntada sobre distinções no funcionamento da PF nos governos de Lula e Dilma Rousseff, de Michel Temer e de Jair Bolsonaro, Tânia afirmou que a falta de autonomia permanece. "O problema se repete com diferentes roupagens", disse.
O UOL Debate reuniu, além de Tânia Prado, o colunista do UOL Reinaldo Azevedo, o advogado e jornalista Glenn Greenwald e o jurista e professor de Direito da FAAP Luiz Fernando Amaral.
O cargo de diretor-geral da Polícia Federal está no núcleo da crise política do governo Bolsonaro. Até 24 de abril quem ocupava a função era Maurício Valeixo, pivô de uma queda de braço entre o presidente e o então ministro da Justiça, Sergio Moro.
Foi a exoneração de Valeixo que motivou o pedido de demissão público de Moro, o que desencadeou em uma investigação da própria PF sobre suposta interferência política de Bolsonaro na corporação. O ex-diretor-geral e o ex-ministro já depuseram sobre o caso.
Foi no âmbito desta investigação que o vídeo completo da reunião ministerial do dia 22 de abril foi tornado público, na sexta-feira (22), após ter o sigilo suspenso por Celso de Mello, ministro do STF (Superior Tribunal Federal). Nesta reunião, Bolsonaro falou sobre trocar cargos e ministros da forma como quisesse. "Não vou esperar foder minha família", esbravejou na ocasião.
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