Vídeo de reunião é inconclusivo sobre interferência, diz presidente da OAB
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, disse que o conteúdo do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril é inconclusivo quanto a uma possível tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Em entrevista ao programa "Morning Show", da rádio Jovem Pan, ele disse que cabe ao inquérito no STF esclarecer se a conduta foi ilegal.
"Em relação às denúncias do ex-ministro Sergio Moro achei inconclusivo, ainda precisa que se esclareça e isso deve ocorrer em inquérito no Supremo Tribunal Federal, garantido o direito de defesa do presidente da República. A OAB também garante esse direito de defesa nos procedimentos para averiguar as denúncias graves de Sergio Moro", disse.
Santa Cruz também criticou a conduta de ministros na reunião em meio à pandemia do coronavírus, que não foi colocada como prioridade no encontro.
"O que me preocupou muito na reunião foi a conduta antirrepublicana de alguns ministros, poucos estavam atentos ao seu assunto de pasta, mas muito ligados a um projeto de reeleição do presidente da República. O que é pragmático para mim agora é tratar da covid-19 que não foi tratada nessa reunião, foi abandonada pela alta cúpula da do governo federal, no meio de uma crise terrível que já matou 23 mil brasileiros. É muito preocupante que o governo federal esteja preso em sua agenda eleitoral", apontou.
Questionado se há um abuso de juízes contra o presidente da República e se existe uma intencionalidade de atribuir ao presidente um caráter ditatorial, Santa Cruz disse que Bolsonaro sempre foi coerente com o que defende.
"Acho que o presidente da República construiu essa história com muito cuidado. Durante 28 anos foi apologista da ditadura militar, falou atrocidades como citar o torturador Brilhante Ulstra no Congresso [...] o presidente construiu esse currículo de homem atento ao autoritarismo e às visões de solução autoritária", ressaltou.
O presidente da OAB também criticou as aparições de Bolsonaro em manifestações populares contra o Congresso Nacional. "Não se vê em nenhum outro país do mundo o presidente da República frequentar atos que pedem o fechamento do Congresso. O presidente ataca e recua. Eu vivi isso na covardia que ele fez em relação à memória do meu pai, um estudante católico, nunca pegou em arma. O presidente fez uma covardia inominável. Ele não é um homem cristão", concluiu.
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