Barbalho: 'Não cabe a servidor ter montante que comprometa transparência'
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), disse que foi surpreendido com o fato de a Polícia Federal ter encontrado R$ 750 mil na casa do secretário-adjunto de Gestão Administrativa da Secretaria de Saúde do Pará, Peter Cassol, durante a operação Para Bellum, e afirmou que determinou a exoneração dele assim que soube da informação.
"Imediatamente mandei fazer a exoneração deste cidadão, por entender que não cabe a um servidor público ter um montante encontrado na casa que comprometa transparência e acima de tudo a confiança e funcionário que não tem a confiança não pode continuar trabalhando."
Na coletiva de imprensa, Barbalho se defendeu das acusações de ter ligação pessoal com o empresário André Felipe de Oliveira da Silva, da empresa SKN do Brasil, que intermediou a compra dos 400 respiradores que seriam usados no combate à covid-19 no estado, mas não funcionaram. A compra é suspeita de superfaturamento de mais de 80% nos valores, e foi o motivo da operação deflagrada hoje pela PF.
"Troquei mensagens para cobrar porque estavam atrasados na entrega. Adquirimos os equipamentos no início de abril e a entrega era para 15 de abril, mas só recebemos no dia 4 de maio e uma parcela apenas. Coube a mim pressionar e deixar claro que a minha paciência tinha encerrado e que iam se ver com o governo se não cumprissem o que está estabelecido", afirmou.
A compra dos respiradores custou R$ 50,4 milhões ao estado, sendo que metade desse valor foi paga antecipadamente, mas, segundo o governador paraense, o estado pediu na Justiça o ressarcimento do valor. Além dos respiradores, também foram compradas 1580 bombas de infusão que fazem parte do kit para montagem da Unidade de Terapia Intensiva.
Barbalho explicou que o estado também pagou metade do valor das bombas, cerca de R$ 1,5 milhão, e que se recusou a pagar o restante, mesmo que esses aparelhos não tenham apresentado problema. A postura foi pelo transtorno causado pelo não funcionamento dos respiradores, que foram devolvidos à fábrica. "Que fique claro a todos nós termos recebido de volta os R$ 25,2 milhões e que estamos na justiça pedindo R$ 1,5 milhão, por dano moral coletivo por tudo o que estes irresponsáveis causaram estado do Pará." Segundo o governador, o pedido foi feito na segunda-feira (8).
Questionado sobre se estava sofrendo perseguição política, disse que o momento não para esse tipo de discussão. "Não quero acreditar que com tanta gente sofrendo a perda de entes queridos, tem gente que quer fazer política com a pandemia, com pessoas que estão nesse sofrimento nesses três meses e que continuarão. Eu me nego a discutir política!"
A operação Para Bellum foi realizada em seis estados e no Distrito Federal. No Pará, foram 17 mandados de apreensão cumpridos, sendo 14 na região metropolitana, dois em Marabá, no sudeste do estado, e um pessoal, na capital.
Os alvos dos policiais foram a sede do governo estadual, Casa Civil, empresas privadas, residências, entre elas a do governador Helder Barbalho e a do Secretário de Saúde, Alberto Beltrame.
A operação foi determinada em cumprimento da determinação do Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Francisco Falcão, após denúncias do MPF. Na decisão, o ministro também determinou o bloqueio de bens do governador, do secretário e de outros sete envolvidos, na ordem de R$ 25 milhões.
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