Governo do DF fecha acampamento pró-Bolsonaro, e Winter apela a presidente
Um acampamento a favor do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na região central de Brasília foi desmontado na manhã de hoje (13) pelo governo do Distrito Federal. A ativista do movimento "300 do Brasil" Sara Winter pediu uma "reação" do mandatário.
A ação fez parte do programa DF Legal, promovido pela Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, para fiscalizar e combater ocupações ou estabelecimentos ilegais.
A secretaria afirmou que os manifestantes ocupavam área pública na Esplanada dos Ministérios, o que não é permitido, e em acampamentos irregulares. "Houve diversas tentativas de negociação para a desocupação da área, mas, infelizmente, não houve acordo. Os acampamentos foram desmontados sem confronto", informou.
A pasta citou ainda decreto que estabelece medidas para combater a pandemia do coronavírus e que proíbe aglomerações com mais de 100 pessoas em eventos que precisam de autorização prévia do GDF.
Nas redes sociais, Sara Winter disse que a Polícia Militar do Distrito Federal e a Secretaria de Segurança Pública chegaram no local às 6h desmontando barracas e geradores com "gás de pimenta e agressões". "A Militância bolsonarista foi destruída hoje. Presidente, reaja", escreveu.
Em seguida, ela alegou que uma pessoa que estava orando e cantando o Hino Nacional foi atingida por gás de pimenta para que uma "carreata do PT" passasse no local. Um grupo contra Bolsonaro e a favor da democracia fez ato pela manhã na região da Esplanada dos Ministérios, mas só chegou próximo de onde estava o acampamento cerca de três horas depois.
Procurada pelo UOL, a Polícia Militar informou que prestou apoio a uma ação desencadeada pela Secretaria de Segurança Pública e não houve registro de ocorrências. O Corpo de Bombeiros também esteve presente para apoio.
Apoiadores e pessoas no acampamento gritaram palavras de ordem contra o desmonte, classificando a situação como ditatorial, e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Vestindo roupas em verde e amarelo, e com bandeiras do Brasil, eles ainda chamaram o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), de "fascista" e "comunista".
O deputado federal, filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) questionou a ação dos policiais. Ele postou um vídeo em que policiais usam spray de pimenta durante a remoção. É possível ouvir alguns manifestantes rezando.
"O que essas pessoas estavam fazendo de errado ou ruim para que o governador Ibaneis determinasse sua remoção?", escreveu.
Manifestantes sobem em área de cúpulas do Congresso
Após o desmonte, ativistas com camisetas do movimento "300 do Brasil" andaram pela Esplanada dos Ministérios e tentaram interferir no ato pacífico de manifestantes contra o governo. A Polícia Militar teve de conversar com o grupo do 300 para que saíssem do local e evitassem conflitos.
Mais tarde, o grupo de cerca de 25 pessoas subiu na área externa das cúpulas do Congresso Nacional, ficando mais próximo ao Senado. No dia a dia, é proibido que pessoas andem no local sem autorização.
Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o Parlamento, comunismo e Ibaneis Rocha. Em vídeo transmitido por Sara Winter, é possível ouvir gritos de "Acabou, p****" em um megafone, semelhante à frase dita pelo presidente Jair Bolsonaro em maio ao criticar uma operação da Polícia Federal autorizada pelo STF para apurar a conduta de empresários e blogueiros aliados a ele.
Ao sair da área das cúpulas, os manifestantes foram para o gramado em frente ao Congresso Nacional, onde proferiram palavras de baixo calão, declararam um "Pai, nosso" e defenderam o governo Bolsonaro.
No final desta tarde, presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse por meio de nota da assessoria que, assim que tomou conhecimento do ato, ele determinou que a polícia legislativa negociasse a retirada do grupo de forma pacífica.
Armas em acampamento e investigação em inquérito das fake news
Os manifestantes estavam acampados há semanas na Esplanada dos Ministérios, por vezes mudando de local. Em determinado momento, chegaram a ficar ao lado da sede do Ministério da Justiça e do Supremo.
Em entrevista à BBC Brasil, Sara Winter, cujo sobrenome verdadeiro é Geromini, confirmou que havia pessoas armadas em um dos acampamentos. Ela justificou que as armas eram para a proteção dos próprios membros e não tinham relação com a militância.
A ativista é investigada no âmbito do inquérito das fake news do STF e foi alvo de mandado de busca e apreensão em operação da Polícia Federal no final de maio. Ela teve celular e computador apreendidos pela corporação.
Após a ação, ela falou em "infernizar" a vida de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo que autorizou a ação, e em "trocar socos" com ele.
Na madrugada de 31 de maio, o movimento comandado pela ativista marchou em direção ao Supremo para protestar contra decisões do tribunal com roupas pretas, tochas e máscaras, inclusive de personagens de filmes de terror. Nas redes sociais, houve quem remetesse a imagem do protesto a atos de supremacistas brancos nos Estados Unidos.
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